A capital mundial dos perfumes está distante 15 minutos de trem dos publicitários que participam da 54ª edição do Festival Internacional de Publicidade de Cannes. É Grasse, a pequena cidade no alto da região da Provence, de onde as plantações de lavanda emprestam à paisagem o seu perfume e uma cor azul inebriante.
Essa cidade ensolarada neste época do ano, no epicentro dos Alpes-de-Haute-Provence, atrai inúmeros turistas que contemplam o trabalho da maioria de seus habitantes que se dedicam à perfumaria, desde a produção das essências aos frascos. Também se pode comprar a preços módicos, em museus e fábricas como as da Fragonard, diversos frascos.
É um passeio imperdível. Mas é preciso ter fôlego para, da estação de trem, escalar as suas íngremes subidas. O mais aconselhável é pegar um pequeno ônibus direto para Grasse, ao lado da estação de trens em Cannes, ainda que este represente um custo um pouco maior que a passagem de trem.
Há três anos, eu e Eleno Mendonça, assessor de imprensa da DPZ e com quem trabalhei durante mais de 10 anos no Grupo Estado, decidimos ir de trem. Foi um terror para ambos subir uma íngrime ladeira. Os dois, obviamente, com peso acima da medida. E Eleno já irritado pela demora em vermos algum sinal de que a pequena cidade fortificada se erguia à nossa frente. Qual foi a surpresa, ao descobrirmos que o ônibus que havíamos rejeitado na estação de Cannes e era o aconselhado a turistas, parava no exato ponto alto das colinas e dali seguia para a cidade, com o maior conforto. Mas é assim mesmo: uns apanham para evitar que os outros passem pelas mesmas agruras. E acabam gastando m ais pela falta de informação.
Naquela manhã ensolarada, no entanto, acho que perdemos alguns quilos e me senti estimulado a perder mais. Ainda bem!.
Grasse, no entanto, é cidade que merece visita. Seus campos de lavanda são uma suave pausa na correria do festival e os seus restaurantes, na realidade, pequenos bistrôs muito simpáticos, oferecem fartas opções a preços bem mais módicos que os pagos em Cannes. Pode-se ainda tomar um bom vinho rosé local, o mais consumido nesta época de verão na região da Provence. E ali, ver que a vida, em muitos lugares da Europa, ainda segue um ritmo morno e alegre, como em Grasse. É preciso ter controle, porém, sobre o cartão de crédito, para não carregar uma quantidade excessiva de perfumes e, com isso, tornar a viagem mais pesada que os quilos a mais que eu e Eleno tivemos dificuldade em conduzir pelas íngrimes ladeiras de Grasse e que lamentavelmente não podiam ser descartados, não naquele momento, eramos nós e eram nossos.