A organização não governamental britânica (ONG) Oxfam informou, às vésperas do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que começa amanhã, um dado estarrecedor; O patrimônio acumulado pelos mais ricos do mundo – 1% da população mundial – vai ultrapassar o dos restantes 99% em 2016.
“A parte do patrimônio mundial detida por 1% dos mais ricos passou de 44% em 2009 para 48% no ano passado e vai ultrapassar os 50% no próximo ano”, diz o documento da Oxfam, cuja diretora-geral, Winnie Byanyima, copresidirá o Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça). Ela tem exigido “a realização, este ano, de uma cúpula mundial para reescrever as regras fiscais internacionais”. O fórum que começa amanhã segue até o dia 24, reunindo cerca de 300 chefes de Estado e de governo, incluindo lideranças globais como a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês François Hollande e os primeiros ministro da Itália (MatteoRenzi) e da China (Li Kepiang) além do secretário de Estado dos EUA, John Kerry.
A Oxfam tem cobrado medidas fiscais mais rigorosas de países como os Estados Unidos de forma a impedir a evasão de riquezas para paraísos fiscais e aplicação de maiores somas em serviços sociais. O empobrecimento da população norte-americana tem alertado o mundo para o problema comum em países em desenvolvimento e naqueles onde a pobreza é visível como os da Africa, atormentada ainda pelo Ebola.
“A amplitude das desigualdades mundiais é vertiginosa”, disse Winnie, para quem “o fosso entre as grandes fortunas e o resto da população aumenta rapidamente”.
O estudo da Oxfam e sua projeção para o próximo ano tem como referência relatório anual sobre a riqueza mundial que o banco Credit Suisse realiza desde 2010. No último relatório, que a instituição financeira suíça divulgou em outubro de 2014, apontava que 1% dos mais rico (com bens acima de US$ 800 mil) detinham 48,2% da riqueza mundial, enquanto os outros 99% ficavam com os 51,8%. No grupo dos 99%, também há uma significativa desigualdade: quase toda a riqueza está nas mãos dos 20% mais ricos, enquanto os outros habitantes do globo dividem entre si apenas 5,5% do patrimônio anual dos países.
Em artigo publicado no site do The World Economic Forum, que você pode acessar aqui, Byanyima afirma que o fórum tem em 2015 o duplo desafio de conciliar a desigualdade social e as mudanças climáticas. “Tanto nos países ricos quanto nos pobres, essa desigualdade alimenta o conflito, corroendo as democracias e prejudicando o próprio crescimento”, afirma Byanyima.
Byanyima destaca a importância de personsalidades como o papa Francisco que tem contribuído para alertar a humanidade sobre esse risco e diz ainda que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, manifestaram preocupação com a desigualdade social diante dos dados e da realidade cada vez mais visível que antes não estava na pauta, nem de Obama menos ainda de Lagarde.”O crescente consenso: se não controlada, a desigualdade econômica vai fazer regredir a luta contra a pobreza e ameaçará a estabilidade global”, afirma ela.