A escolha da data para comemorar o Dia Nacional do Circo tem um motivo forte. Foi no dia 27 de março de 1897 que nasceu em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Abelardo Pinto, filho de Galdino Pinto, dono do Circo Americano. O menino cresceu no circo e, em meio às brincadeiras, ia aprendendo funções da arte que mais tarde passou a defender – das acrobacias ao contorcionismo até se tornar palhaço, a figura central do circo, e passar a ser chamado de Piolin, em 1918.
POR CRISTINA ÍNDIO DO BRASIL, REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL
Piolin lutou pelas artes circenses e teve o seu trabalho reconhecido. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, em 1972, para comemorar 50 anos da Semana de Arte Moderna, o circo de Piolin foi armado no Belvedere do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e, nesse ano, a data de aniversário do palhaço se transformou no Dia Nacional do Circo.
Para o coordenador da área de Circo da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Marcos Teixeira, a atividade sempre foi instável, porque são poucos os circos que conseguem patrocínio. Mesmo assim, ele acredita que hoje há razão para comemorar. Como exemplo, citou o Prêmio Funarte Carequinha (outro palhaço famoso dos picadeiros), criado para o desenvolvimento de projetos circenses em todo o país. Segundo Teixeira, desde 2005, quando ainda não era chamado de Carequinha, o edital com a definição de recursos passou de R$ 300 mil para R$ 10 milhões no ano passado. “Pela primeira vez se teve de fato uma coordenação voltada para pensar, elaborar executar políticas para o circo”, comentou em entrevista à Agência Brasil.
O coordenador disse que para este ano ainda não há definição dos valores, e a situação deve ficar mais difícil por causa do ajuste das finanças do governo. “Sabe-se que é um ano difícil com todos os cortes que têm sido feitos em todas as áreas, mas a gente ainda não tem uma decisão de quanto chegará para o circo”, acrescentou.
Apesar disso, há mais um motivo para comemoração. Na avaliação de Teixeira, os projetos ajudam a espalhar a cultura pelo país. “O circo é uma casa de espetáculo itinerante e vai a lugares onde nenhum outro espetáculo ao vivo aparece. Nas cidades mais distantes, nos territórios mais remotos, a presença do circo está lá. Ele leva a arte e a cultura aos lugares mais inóspitos do país”.
No dia de ontem, como que para atender à pergunta que os palhaços costumam fazer – Hoje tem espetáculo? Tem sim senhor… – ele ocorreu em várias partes do país. Na Escola Nacional de Circo (ENC), que fica na Praça da Bandeira, zona norte do Rio, e é a única instituição pública de formação circense ligada ao Ministério da Cultura, cerca de 500 alunos e 40 professores participaram do espetáculo Tudo Novo de Novo.
A escola, criada em 1982, já formou artistas que chegaram a integrar o Cirque du Soleil, companhia canadense que se espalhou pelo mundo. “A escola reúne artistas de múltipla formação, com diversas técnicas circenses, não só os oriundos do circo itinerante, e permite que eles assumam nova perspectiva na sua formação. A escola concentra todos os equipamentos e profissionais qualificados para o trabalho. Ela é a única na América Latina desse tipo”, disse o diretor da ENC, Carlos Vianna.
Ele lembrou que vários alunos, depois de terminar a carreira como artistas, retornam à escola para trabalharem como professores. Os alunos são procedentes de todos os Estados do país. “Desde 2010, a escola tem um programa de bolsa de estudos que permite a alunos de todo o Brasil fazer pelo menos o início do curso contemplados com o benefício. Temos alunos de todo o País com formação de circo em suas regiões e alunos que vêm da ginástica olímpica, da dança, inclusive formados em educação física. Eles procuram a escola para uma complementação da sua formação”, disse.
Para Vianna, neste Dia Nacional do Circo havia o que comemorar. “A celebração do circo como um todo. Estamos em um momento de fortalecimento do circo como linguagem, como manifestação artística e esse é o principal ponto para celebrar”, destacou.
Vida longa ao circo! Viva o circo! Viva Piolin!