O matemático brasileiro Artur Ávila, primeiro latino-americano premiado com a Medalha Fields da União Internacional de Matemática, participou na última sexta-feira, 10, de uma homenagem aos 90 anos da visita do físico alemão Albert Einstein ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ávila plantou uma muda de jequitibá-açu próximo ao local de uma árvore da mesma espécie que encantou o autor da teoria da relatividade em 1925.
POR VITOR ABDALA, REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL
FOTOS: TÂNIA RÊGO, AGÊNCIA BRASIL
Segundo relatos da época da visita do físico alemão ao Brasil, repetidos até hoje por funcionários do Jardim Botânico, Einstein teria ficado tão impressionado com as dimensões do jequitibá que abraçou e beijou a árvore. Na década de 80, o espécime, que ficou conhecido como “Jequitibá do Einstein” morreu depois de ser atingido por um raio.
Artur Ávila recebeu a proposta de plantar o jequitibá logo ao retornar ao Brasil, em agosto do ano passado, depois de conquistar a medalha, considerada o Nobel da Matemática, em Seul, na Coreia do Sul.
O matemático disse que, depois do prêmio, sua vida profissional não mudou, mas que passou a ser visto como um “modelo” de cientista para inspirar a juventude. “Não me esquivei dessa responsabilidade e tento contribuir, na medida do possível, para ter algum impacto positivo. Acho que é importante para o Brasil, porque as crianças sonham. Quando eu era criança, tinha uma grande admiração por cientistas e queria sempre ir nessa direção. Dessa admiração, eu ia estudando. Seria legal que as pessoas pudessem sonhar com esse caminho.”
Segundo o botânico Claudio Nicoletti de Fraga, curador das coleções vivas do Jardim Botânico, essa é uma homenagem a Ávila e à ciência. “O motivo é mais homenagear a ciência do que a planta, em si. Plantar, a gente planta todo dia aqui no parque. Mas é sempre bom ter um dia para homenagear a ciência”, disse Fraga.
Artur Ávila é pesquisador do Instituto da Matemática Pura e Aplicada, que fica perto do Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro, e diretor de pesquisas do Centro Nacional de Pesquisa Científica, da França.
NOTA DA REDAÇÃO (#FaleaVerdade; #DivulgueaVerdade; #MenosOdioMaisDemocracia): Artur Ávila é um bom exemplo do Brasil que devemos construir. Os investimentos do governo federal, sobretudo nas universidades públicas e nos programas de intercâmbio, realizados nos últimos doze anos darão frutos (nesse período 12 universidades federais foram construídas ou ampliadas como é o caso da mineira Alfenas, que de 1914, quando foi fundada até 2004, permaneceu adormecida até que seu campus fosse ampliado para cidades vizinhas e o número de cursos e vagas quintuplicasse).
São árvores plantadas ainda que não imunes como a de Einstein à raios e trovões e ainda que insuficientes para recuperar o tempo perdido, mas são árvores e traduzem esperança. Os investimentos em cursos superiores são fundamentais para a formação de mão de obra qualificada capaz de enfrentar novos desafios e ser propulsora do desenvolvimento e do crescimento. Visão a qual compartilho e que não passou de recurso de retórica durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, pelo jornal O Estado de S. Paulo (entre 1993 e 1995), entrevistei inúmeras vezes, no Rio, em Brasília e durante a campanha. Não raramente FHC se preocupava em falar sobre a importância da educação e se gabava até de ter escalado um dos seus amigos mais próximos, o gaúcho Paulo Renato Souza, que faleceu em 2011, para o cargo de ministro da Educação.
A educação básica, a qual a ex-primeira dama Ruth Cardoso procurou se dedicar em vida, estabelecendo uma rede de solidariedade de organizações não governamentais que pudesse, driblando o ralo do repasse das verbas a municípios, também foi atacada dentro do próprio governo. Inesquecível o dia em que o ex-ministro Sérgio Motta, das Comunicações e então tesoureiro de campanha de FHC, disse com todas as letras e repetiu depois e depois que os projetos de Ruth Cardoso para a educação ” não passavam de punheta sociológica”, com o perdão da expressão, mas foi essa mesma a utilizada pelo ex-ministro de FHC.
Com mais respeito e muito mais decoro o tema da educação tem sido tratado agora, o que já é um passo e tanto rumo ao futuro que, esperamos, seja promissor a todos os brasileiros e brasileiras e que novos Artur Ávila despontem no cenário.
Carlos Franco, editor-chefe.