“O ano de 2015 tem se mostrado extremamente difícil e exigido muito sacrifício de vários setores da economia, em especial o de tecnologia. A valorização do dólar frente às moedas latino-americanas, a inflação e o baixo desempenho econômico vêm impactando diretamente nos investimentos feitos pela indústria de uma forma geral e o nosso desafio é descobrir como se manter forte diante deste cenário”, afirmou o country manager da IDC Brasil, Denis Arcieri, durante a primeira edição do IDC Brasil President’s Dinner, realizado em São Paulo para fomentar a discussão sobre o atual momento da indústria de tecnologia no país e na América Latina. O evento contou com a presença dos líderes da ABES, Asus, BRQ, CA, Ci&T, Cisco, Dell, Intel, Level3, Lexmark, Linx, Locaweb, Resource, Sonda, T-Systems, UOL e VMWare. O evento contou também com a presença do vice-presidente da IDC América Latina, Ricardo Villate.
Segundo Arcieri, o atual panorama do mercado é de completa instabilidade. Se em março de 2014 os principais institutos de pesquisas previam que todos os países da América Latina teriam crescimento promissor em 2015, 12 meses depois o cenário se inverteu. “No Brasil, por exemplo, a previsão de crescimento do PIB para 2015 era de 2,5%. Este ano, contudo, falamos de algo em torno de -1,3%”, ressaltou. Outro fator impactante para a indústria de tecnologia é a alta do dólar e a taxa de inflação, cujas previsões iniciais também não se confirmaram. Mas, para a IDC Brasil, o pior momento está começando a passar. “Após um primeiro trimestre muito fraco, já se observa até uma estabilidade do mercado”.
“Por conta das incertezas pós-eleição de 2014 e pela volatilidade da moeda americana, as companhias locais entraram em 2015 com o orçamento extremamente reduzido e com cenário conservador, ao contrário das multinacionais, que estão sentindo a crise neste momento e devem reduzir os investimentos nos próximos meses”, explicou o Country Manager da IDC Brasil. Segundo ele, pós março, com o cenário econômico mais claro, as empresas locais começaram a ‘soltar’ mais o orçamento, ao contrário das multinacionais que devem se retrair nesse segundo semestre.
Para Ricardo Villate, vice-presidente da IDC América Latina, há uma clara relação entre o desempenho do PIB e os investimentos de TI, como mostra o gráfico abaixo.
Ao analisar o percentual que a tecnologia representa no PIB em cada um dos países da América Latina nota-se que, no Brasil, por exemplo, esse índice chega a 2,5%. Em países desenvolvidos, como os EUA, os gastos com tecnologia representam 3,9% do PIB. “Além disso, o nosso país é a quinta maior potência do mundo em relação ao consumo de tecnologia e telecomunicações. Em 2014, que já foi um ano desafiador, fechamos com aproximadamente US$ 160 bilhões de investimentos, crescimento de aproximadamente 7%, acima de países como Japão, Alemanha, EUA e da própria média mundial”, completou Arcieri. O desafio, de acordo o Country Manager da IDC Brasil, é consolidar a infraestrutura para comercializar tecnologias de valor agregado. “O consumo no Brasil ainda é muito orientado em hardware. Nos países maduros, temos valores abaixo de 40% e 45% e, por aqui, segundo o estudo IDC Worldwide Black Book o índice chega a 58% (com 23% de serviços e 19% de software)”, diz. O utra questão é a concentração dos investimentos pelo país – vide mapa abaixo. Em apenas dois anos, houve diminuição na participação total dos investimentos no Sudeste, mais precisamente no eixo Rio/SP, que acabou espalhado para outras regiões. “Esse movimento é um fator decisivo para o crescimento das empresas”, afirma Denis Arcieri. |