“Inesperado e sublime”. Assim o escritor paulista João Carrascoza definiu o encontro com crianças das comunidades de Mamanguá e Paraty Mirim, que fizeram uma releitura, com trabalho artísticos, de seus livros: O Prendedor de Sonhos e O Homem que Lia as Pessoas. “A gente foi a um encontro com alunos em uma escola num lugar tão distante, você não imagina que o seu livro vai chegar lá, mas ele chegou, as crianças leram, se alimentaram do livro, te retornando com ideias sobre a história.”
Por Akemi Nitahara/Repórter da Agência Brasil
João Carrascoza tem mais de 30 livros publicados e coleciona prêmios literários, entre eles um Jabuti. Ele é um dos autores que participam da Flipinha, programação infantil da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), e que teve obras selecionadas para serem trabalhadas nas escolas da região. “A gente saiu muito cedo para um encontro que supõe que vai ser bom, mas ele é muito maior do que a própria imaginação nossa como escritor”.
![Como parte da Operação Flipinha, autores convidados participam de encontro com alunos de escolas públicas. O escritor João Carrascoza visita a escola municipal Domingos Gonçalves de Abreu (Tânia Rêgo/Agência Brasil)](http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/_agenciabrasil2013/files/styles/interna_grande/public/fotos/966423-03072015-_abr7712.jpg?itok=bCAhlKGa)
A visita realizada no último dia 3, em Paraty, foi o desfecho do projeto que começou há três meses, com a escolha e distribuição dos livros aos professores para trabalharem com os alunos. A secretária municipal de Educação de Paraty, Eliane Tomé, disse que, desde o começo, em 2003, a Flip promove o incentivo à leitura com projetos de formação de acervos nas escolas e nas comunidades e treinamento de professores.
De acordo com a secretária, este é o terceiro ano em que é feito encontros dos estudantes com os autores. “Fazemos a compra de todos os livros do acervo, o professor vai fazendo o trabalho e durante esta semana, distribuímos os locais a que cada um vai. Nas escolas, os alunos já ficam esperando esses autores.” Eliane ressaltou que, depois das ações da Flip, já é possível perceber o maior interesse das crianças pelos livros, refletindo inclusive na melhora das notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
![Como parte da Operação Flipinha, autores convidados participam de encontro com alunos de escolas públicas. O escritor João Carrascoza visita a escola municipal Domingos Gonçalves de Abreu (Tânia Rêgo/Agência Brasil)](http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/_agenciabrasil2013/files/styles/interna_pequena/public/fotos/966429-03072015-_abr8524.jpg?itok=yKkQ0ODy)
O coordenador do Programa Prazer em Ler, que apoia as ações da Flipinha desde 2009, Volnei Canônica, informou que em Paraty as ações são desenvolvidas o ano inteiro. “A literatura não pode ser um evento, a literatura tem que ser algo permanente, para que possamos realmente desenvolver um processo leitor, desenvolver o gosto da leitura nos novos e nos leitores de sempre.”
Em Paraty Mirim, a professora Laís Rodrigues dos Santos trabalhou os livros O Prendedor de Sonhos e O Homem que Lia as Pessoas, de Carrascoza, com seus alunos. “Nós fizemos um momento de leitura, depois surgiu a ideia de construir essa máquina dos sonhos para cada um colocar ali dentro os seus sonhos.” Laís considerou o encontro com Carrascoza fundamental para o desenvolvimento cultural de seus alunos.
Vitória Valentim Leal, de 10 anos, ajudou a construir a máquina de sonhos, feita com uma caixa de papelão e outros materiais recicláveiss. “Minha amiga me ajudou a fazer, fizemos muitas coisas, ficamos pensando, pensando e, no dia, conseguimos fazer, terminar. Graças a Deus, conseguimos, se não não estaríamos assim. Meu sonho é ser bailarina.”
![Como parte da Operação Flipinha, autores convidados participam de encontro com alunos de escolas públicas. O escritor João Carrascoza visita a escola municipal Domingos Gonçalves de Abreu (Tânia Rêgo/Agência Brasil)](http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/_agenciabrasil2013/files/styles/interna_grande/public/fotos/966432-03072015-_abr7853.jpg?itok=CA9XNfAq)
Luara Mariana Cândido, de 9 anos, leu O homem que Lia as Pessoas e achou muito legal. “Eu tinha uma dúvida sobre o livro: por que ele não fez o final feliz? O personagem passeia com o pai e o pai dele morre em um acidente de ônibus. Fiquei com curiosidade de perguntar para o autor o porquê”. Carrascoza explicou que momentos tristes fazem parte da vida e que as crianças não podem ser poupadas deles para sempre.