O governo do Estado de São Paulo, há mais de duas décadas nas mãos do PSDB que o transformou em criativa analogia que circula nas redes sociais em República do Tucanistão, representa hoje uma das maiores ameaças de morte à TV Cultura. Atrações como o Castelo Rá-tim-bum e Cocoricó já foram para o espaço por falta de investimento e repasse de recursos pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB/SP). Com essa atitude, o governo estadual tem colocado em risco a produção de um conteúdo de qualidade e respeito às raízes da cultura brasileira. Apresentadores e profissionais que emprestaram prestígio à emissora decidiram unir suas vozes ao movimento “EU QUERO A CULTURA VIVA”, que resultou num filme difundido nas redes sociais e num abaixo-assinado em defesa da TV Cultura e contra as demissões, a precarização das relações de trabalho e a falta de investimento que já colocou fim a uma programação de absoluta qualidade e reconhecimento público a exemplo das atrações Zoom, Grandes Momentos do Esporte, Vitrine, Cocoricó e Bem Brasil. Veja o filme em defesa da TV Cultura e assine aqui o abaixo-assinado.
LEIA O MANIFESTO E SAIBA PORQUE É IMPORTANTE VOCÊ ASSINÁ-LO
Somos brasileiros e brasileiras, somos paulistas, somos de várias gerações que na infância, na adolescência e na idade adulta tivemos a oportunidade de ter acesso a uma programação – de rádios e de televisão pública – orientada pela promoção da cultura nacional e local. Conteúdos que ao longo de décadas foram produzidos por equipes formadas por profissionais (jornalistas, radialistas, artistas, técnicos) que buscavam a excelência. O resultado deste trabalho foi reconhecido nacionalmente e internacionalmente, com muitos prêmios e com uma audiência cativa que consolidaram historicamente as rádios e a TV Cultura de São Paulo como uma alternativa aos meios de comunicação comerciais.
As rádios AM e FM ficaram conhecidas pela excelente
programação de música popular brasileira e de música clássica. A televisão criou alguns dos principais programas de debates de temas nacionais, como o Roda Viva e o Opinião Nacional, constituiu núcleos de referência na produção de programas infantis, como o Rá-tim-bum, e na de musicais, como o Fábrica do Som, Ensaio e o Viola, Minha Viola, dando espaço também à difusão de curtas-metragens, com o Zoom. As emissoras se tornaram um patrimônio da população paulista.Contudo, nos últimos anos, a TV e as rádios Cultura estão passando por um processo de desmonte e terceirização da programação, com a degradação de seu caráter público e da sua qualidade. Vários programas de referência da emissora foram extintos, como Zoom, Grandes Momentos do Esporte, Vitrine, Cocoricó e Bem Brasil. Outros tantos sofreram risco de extinção, como o Manos e Minas e, mais recentemente, há a ameaça de acabar com o Viola Minha Viola, líder de audiência da emissora, e o Provocações. Além disso, o premiado Quintal da Cultura perderá a participação dos artistas e será reestruturado para ser apenas o espaço de veiculação de desenhos animados.
Esse processo vem acompanhado de demissões em massa e de precarização das relações de trabalho, tanto na TV quanto nas rádios, com estrangulamento da equipe de jornalismo e radialismo; enfraquecimento da produção própria de conteúdo, inclusive dos infantis; entrega, sem critérios públicos, de horários na programação para meios de comunicação privados, como a Folha de S.Paulo; sucateamento da cenografia, da marcenaria, de maquinaria e efeitos, além do setor de transportes. O mais recente ataque à estrutura da TV foi a retirada do seu sinal das antenas parabólicas, excluindo 30 milhões de pessoas de acesso ao canal.
Acompanhamos esse processo estarrecidos, mas não passivamente. Vamos lutar para impedir o desmanche da Cultura. Queremos a Cultura Viva, refletindo a diversidade e a pluralidade do povo paulista e brasileiro. Queremos a Cultura Viva, mas queremos que ela seja ainda mais pública, que ouça a sociedade, que espelhe de forma criativa a complexidade e a efervescência cultural do nosso estado e do Brasil.