Nivea acaba de lançar campanha do creme Nivea Men em que busca relacionar ao O Duplo do russo Fiódor Dostoiévski a história de um homem que usa creme e o outro não. O clássico da literatura mundial narra a história de um funcionário público pouco admirado e de comportamento absolutamente comum que passa a conviver com outro, idêntico a ele, só que admirado, dinâmico e que todos querem ouvir e estarem próximos. A trama literária tem forte cunho psicológico e uma confusão que as vezes nos assalta de como nos vemos e como os outros nos veem e, sobretudo, de como gostaríamos de sermos vistos. “O amigo noturno não era senão ele mesmo – o próprio senhor Golyádkin, outro senhor Golyádkin, mas absolutamente igual a ele -, era, em suma, aquilo que se chama o seu duplo, em todos os sentidos…”, escreve Dostoiévski. Inspirado por este texto clássico, o diretor criativo e redator da agência Stack London, Iain Hunter, assina um filme onde o duplo se faz presente, um que usa o creme Nivea Men e outro que não o utiliza até descobrir que o sucesso está no produto. A comparação, um lugar comum no mundo da propaganda, se reveste neste caso de um conceito em que um único personagem vive situações distintas, de duplicidade. Se o autor de clássicos da literatura mundial como Crime e Castigo, Os Irmãos Karamazov e O Idiota faz uso do recurso de forma brilhante, não se pode dizer o contrário do filme publicitário, ainda que este um conteúdo esteja a serviço de uma mensagem bem mais simples e absolutamente mercadológica.
NIVEA MEN E O DUPLO DE DOSTOIÉVSKI
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