Todo mundo está falando dos refugiados entrando em massa na Alemanha. Mas e os refugiados alemães no… Rio de Janeiro? Aqui no meu bairro há alguns. Fugiram da organização, do tédio, ou quem sabe das dívidas ou da falta de esperança. Alguns parecem felizes, bebendo na calçada com os nativos e sorrindo seu sorriso otimista de imigrante. Mas há uma alemã que sempre passa por mim, está cada vez mais magra, e nunca sorri. Acho que é artista plástica, ou atriz… Devo lhe oferecer minha casa? Ou simplesmente usar o tempo todo uma camiseta com a estampa “Refugees Welcome”?
Nunca aceitei ser pobre. Eu teria feito qualquer coisa para mudar minha vida de manicure e vendedora da Jequiti. Aceitar o casamento com um alemão chato e viver na cidadezinha mais medíocre da Baviera até que não é tão difícil. Nunca mais quis visitar a favela onde cresci. Por isso, os 20 refugiados afegãos que hoje de manhã descobri acampados no meu jardim (todos com fome) me deixaram tão inquieta.