A FESTA DA WEB
Os grandes meios de comunicação vão gradualmente aprendendo a lidar com a internet e aproveitam novas ferramentas como os tabletes, o mais conhecido por aqui é o iPad, para veicular campanhas publicitárias interativas e informações atualizadas em tempo real, com o adicional de imagem em movimento, entrevistas e opiniões de especialistas. Ninguém mais discute que a mobilidade é fator relevante no mercado de comunicação, do celular ao iPad, o conteúdo agora pode ser acessado a qualquer hora e a qualquer lugar. E essa é uma tendência irreversível. Andando de Metrô ou Ônibus, as pessoas grudam os olhos nos aparelhos de televisão, se a programação não for a que esperam ligam o aparelho celular sintonizam num canal e o assistem, com fone no ouvido, individualmente quando a educação fala mais alto ou atrapalhando quem está ao lado. Conteúdo amplo e diversificado deixou de ser palavra de ordem, tornou-se regra e quem não o tem perde o bonde, hoje imaginário já que só resistem como peças de museu e turismo restrito a exemplo do centro de Santos.
Na outra ponta, o mercado de comunicação convive com a valorização de produtos que, antes, estavam na berlinda, a exemplo dos livros. Charles Cozac, da prestigiada Cozac & Naif, diz que o setor vai bem, como muitos livros de luxo no prelo trazendo obras de grandes e renomados escritores e artistas. Editoras focadas no popular também não têm do que reclamar, aquelas histórias românticas de tirar lágrimas continuam vendendo e bem, enquanto as novelas que antes as espelhavam entraram por outro e sinuoso caminho, perdendo público para aquelas mais simples, bem ao estilo desses livrinhos. O próprio iPad está estimulando o mercado editorial, pois tem muitos lendo livros, curtos, nas telas, por lazer e por trabalho.
Nessa toada, os jornais impressos voltam a ter valor especialmente para aqueles que gradualmente vão conquistando uma nova realidade no mercado de trabalho, os home officer. Aquela pessoa que trabalha em casa e não dispensa a leitura pela manhã de um bom jornal. Pode parecer estranho, mas no mundo dos serviços em que se transformaram as grandes cidades, serão cada vez maior o número de empresas a preferir funcionários em casa e atendendo clientes em suas dependências do que em sedes luxuosas. Assim, reduz-se o tempo gasto com transporte e usa-se mais os meios de comunicação cada vez mais interativos.
E como ganha mais espaço ferramentas criativas, que representem solução de trabalho ou entretenimento, o mercado de informática vive fase de grande ebulição. Pequenas agências surgem a cada segundo e as grandes continuam a se confundir criando grandes departamentos, fazendo aquisições e depois convivendo com estruturas agigantadas e pouco versáteis, justamente aquilo que pequenos oferecem. Por sua própria natureza, pequenos empreendedores ousam mais e, cada vez mais, as agências grandes vão ter de dividir parte do bolo com as pequenas lideradas pelas gerações X, Y e Z. A geração baby boomer, aqueles que nasceram entre os anos 1940 e 1960, está entrando gradualmente para as estatísticas da melhor idade, têm o conteúdo mas não tem o domínio da tecnologia, tem o poder mas o perde ao não saber lidar com as novas ferramentas. É exatamente o que acontece com as agências, só que essas alianças, cada vez mais necessárias, ainda estão frágeis. Mas todos sabem: informação sem surpresa e ferramenta sem interatividade perderá cada vez mais espaço nos próprios tabletes. Quem os compra, assim como os celulares 3G, quer mais, muito mais. Esse é o desafio para a indústria, o varejo e a publicidade.