A Academia Brasileira de Letras (ABL) apresentou o novo formato do Prêmio Machado de Assis que, a partir deste ano, vai homenagear grandes nomes da literatura brasileira e de outras áreas das ciências humanas, alternadamente. O modelo foi divulgado pelo presidente da casa, Domício Proença Filho, e pela secretária-geral da ABL, Nélida Piñon.
Segundo Proença, o formato unificou os prêmios antes dados por estilos literários e privilegia o reconhecimento do conjunto da obra de um escritor brasileiro vivo. A ideia é dar representatividade e seriedade ao prêmio, acrescentou.
A mudança na estrutura ganha uma significação maior, no seu entendimento. “A intenção dos prêmios da Academia sempre foi de reconhecimento, nunca de estímulo a novos escritores. Antes não era pelo conjunto, era para uma obra em cada estilo literário, mas incidia sobre o autor de uma obra já reconhecida”, ressaltou.
No modelo anterior, eram premiados os segmentos de poesia, ficção, ensaio e literatura infanto-juvenil, com o valor de R$ 50 mil cada, além do Grande Prêmio Machado de Assis, no valor de R$ 100 mil, para o conjunto da obra. O prêmio agora passa a ser único, no valor de R$ 300 mil – o maior para o setor literário no pais.
Nélida ressalta que, com o modelo de prêmios segmentados ou com colocações, dificilmente os escritores contemplados recebem o devido reconhecimento da sociedade. Mas com a concentração em um grande prêmio, o autor vai receber todos os “holofotes” que merece.
“Retomamos a consagração do conjunto da obra. Um autor é um patrimônio nacional e, no Brasil, nós estamos muito abandonados”, disse Nélida. Ela acredita que o grande prêmio vai chamar a atenção para o ganhador, que pode estar escondido nos grotões do país, e vai ganhar R$ 300 mil e a atenção da imprensa. “Prêmios com primeiro, segundo e terceiro [lugares]ninguém guardava todos os nomes, e os segmentados também não. Agora é um grande vencedor, que vai ganhar todos os holofotes”, enfatiza.
Para ela, com essa ação, a ABL assume um papel que seria do governo brasileiro, de atuar como Instituto Machado de Assis, nos moldes do português Instituto Camões e do espanhol Instituto Cervantes, de difundir a língua e a cultura do país. “Nós não tínhamos isso, éramos muito órfãos, agora é a academia atuando como Instituto Machado de Assis, é muito bonito”.
Os 40 acadêmicos farão suas indicações no dia 19 de junho, até três por imortal, sendo vedada a indicação dos próprios acadêmicos ou seus parentes. Em seguida, a diretoria da casa analisará as indicações e os três nomes mais citados serão levados ao plenário da casa para votação. A cerimônia de premiação será no dia 20 de julho, na comemoração dos 119 anos de fundação da academia.