POR ALANA GANDRA/Repórter da Agência Brasil
Em comemoração ao centenário de nascimento do museólogo e carnavalesco brasileiro Clóvis Bornay, nascido no município de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, no dia 10 de janeiro de 1916, o Museu da República (MR), no Rio de Janeiro, abriu a exposição “Clóvis Bornay – 100 Anos” que ficará em cartaz até abril.
O curador da exposição, professor Mário Chagas, coordenador técnico do Museu da República, disse que Clóvis Bornay foi um personagem “importantíssimo no mundo dos museus, da museologia e do carnaval”. Filho de mãe espanhola e pai suíço, Bornay era o caçula de 12 irmãos. Foi funcionário do Museu Histórico Nacional, célula da qual se originou o Museu da República. “Ele trabalhou no Museu da República supervisionando montagens de exposições e fez nos jardins uma representação da primeira missa rezada no Brasil”, informou o curador.
Mário Chagas destacou as múltiplas faces de Clóvis Bornay. “Foi ator, cantor, museólogo, carnavalesco e gay”. Foi também idealizador do Baile de Gala do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1937, onde ocorreram os primeiros desfiles de fantasias de luxo e de originalidade no carnaval. Para ele, o museu tinha de ser democrático e ir até o povo.
Assistente da curadoria, Patrícia Fernandes lembrou que a exposição está associada à comemoração dos 100 anos do samba. Ela está dividida em três salas, que apresentam Bornay como profissional de museu, mestre de fantasias e como pessoa de múltiplas formas de se expressar.
“Na verdade, a gente faz uma linha do tempo dessa pessoa que foi Clóvis Bornay”. Para o curador, sua frase mais célebre deixa claro quem ele era “Ser museólogo não é nada. Mais difícil é ser Clóvis Bornay todos os anos, nas passarelas”.
Do acervo pessoal de Bornay, que a família doou para o Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, na Gávea, algumas peças fazem parte da exposição. O público verá três fantasias com as quais ele ganhou desfiles de luxo em carnavais, além de croquis, fotografias, livros, manuscritos e homenagens recebidas. Entre as peças, o destaque é o original do enredo “Lendas e Mistérios da Amazônia”, que Clóvis Bornay fez para a Portela em 1970 e que deu à escola o título de campeã do carnaval.
As três fantasias em melhor condição de conservação foram tratadas, higienizadas e restauradas para a mostra. Segundo Patrícia, o trabalho de pesquisa para a exposição começou há um ano. “Bornay era parte desse carnaval do luxo, das fantasias, dos bailes”, ressaltou. Para Patricia, a alegria e o luxo das fantasias atuais das escolas de samba são marcas associadas a Clóvis Bornay.
Homossexual assumido, Bornay decidiu casar no fim da vida com uma mulher que trabalhava para ele, disse Mário Chagas. “Foi um casamento de generosidade porque, com isso, ele protegeu a mulher e suas filhas Patrícia e Tainá”. No dia 9 de outubro de 2005, Clóvis morreu de parada cardiorrespiratória, no Hospital Souza Aguiar, para onde foi levado com desidratação e infecção intestinal.
A exposição “Clóvis Bornay – 100 Anos” marcará o início da visitação noturna do museu. Ele passará a ficar aberto em todas as últimas terças-feiras de cada mês, das 10h às 22h. Patrícia Fernandes disse que a iniciativa faz parte do Programa de Educação de Jovens e Adultos do MR. A visitação noturna objetiva permitir que todos os públicos tenham oportunidade de conhecer e visitar o museu.