O prêmio é dado anualmente pela Academia de Ciências da França para incentivar projetos de vanguarda da pesquisa científica e, pela primeira vez, foi concedido para a área de matemática. O anúncio do vencedor ocorreu nesta semana e a cerimônia de entrega será no dia 8 de junho, na sede da academia em Paris.
Marcelo Viana explica que o objetivo do projeto vencedor é desenvolver a área da matemática também conhecida como sistemas caóticos, mas, principalmente, promover a colaboração bilateral entre os dois países.
“Eu fiz um projeto não tanto focado no meu trabalho, mas na colaboração entre o Brasil e a França em matemática, o nosso principal parceiro por razões históricas. Nos anos 1970 e 1980 o sistema de serviço militar francês podia ser substituído por trabalho em outros países nas áreas de educação ou ciência. Então, o Impa recebeu muitos jovens cooperantes. E isso criou laços que duram até hoje. Depois que acabou essa colaboração do serviço militar, temos buscado outros modos de aumentar cada vez mais essa colaboração”, disse Marcelo.
O matemático explica que a área de estudo trabalha com sistemas que evoluem ao longo do tempo e também envolve vários tipos de geometria: “Área de sistemas dinâmicos estuda os fenômenos que evoluem ao longo do tempo, que é praticamente tudo, tudo está em permanente evolução. É a área que era chamada de Teoria do Caos, mas a gente não gosta muito dessa expressão porque ela é muito midiática”.
Sobre o “sistema caótico” que vive a política atual do pais, Marcelo brinca que é muito mais difícil de prever esse desfecho, mas se diz otimista com o que pode surgir. “Sistemas como a nossa política são muito mais difíceis de analisar porque eles se autoinformam e informação modifica o modo como o sistema evolui. Matemática e política à parte, eu sou um otimista. Acho que esse é o momento para nós construirmos a próxima versão do Brasil. Já vivi algumas crises nesses 30 anos de carreira no Brasil e a cada vez que saímos da crise saímos melhor do que entramos. Eu creio que temos que estar preparados e começar já a trabalhar para a versão seguinte do Brasil, que vai, certamente, ser melhor do que a anterior, como vem acontecendo. Evoluir para melhor”, explica Viana.
A equipe do projeto é formada igualmente por matemáticos brasileiros e franceses, “a grande maioria muito jovens”, segundo o pesquisador, e o prêmio vai financiar a integração pagando viagens e participação em eventos. O valor é de 450 mil euros, sendo 10% para o autor do projeto e 90% para financiar a pesquisa apresentada.