Marcos Pontes nunca teve os holofotes voltados para si, nem mesmo quando se tornou o primeiro brasileiro a viajar à lua, de onde parece não ter voltado ainda.
Na última semana, divulgou que um novo medicamento seria testado com êxito contra a pandemia de Covid-19, o coronavírus. Empolgado, falou tanto que praticamente entregou que o vermífugo vendido em farmácias tratava-se do medicamento conhecido como Anitta e produzido pela Farmoquímica, que ganhou projeção nas décadas de 1970 e 1980 justamente pela cloroquina usada no combate à malária. Detalhe: o remédio já passou por testes no mundo e foi descartado. O que não impediu uma corrida às farmácias por incautos em busca de salvação em meio à pandemia e ao pandemônio encenado pelo governo ultradireitista de ti federal.
A própria ida de Marcos Pontes à lua, o primeiro brasileiro a participar de uma viagem espacial foi tão inócua quanto cara. Custou aos cofres públicos, via Agência Espacial Brasileira (AEB), US$ 10 milhões em contrato assinado com a Agência Espacial da Federação Russa (Roscosmos) para que Pontes pegasse uma carona na nave espacial russa Soyuz rumo à Estação Espacial Internacional. A “Missão Centenário”, assim batizada em homenagem aos 100 anos do primeiro voo tripulado de Santos Dumont, comandada pelo astronauta russo Pavel Vinogradov em parceria com o americano Jeffrey Williams, levou ao espaço 15 quilos de carga da AEB, incluindo oito experimentos científicos que nenhum resultado tiveram para a ciência brasileira. A missão com duração de 10 dias ainda enfrentou, segundo o médico de Pontes, Luiz Cláudio Luttis, graves problemas de comunicação aos quais responsabilizou a AEB que, disse à época, “não ajudou no que deveria e atrapalhou no que podia”.
De concreto, restou apenas o contrato de Pontes como garoto-propaganda de travesseiros produzidos com tecnologia desenvolvida pela agência aeroespacial americana, a NASA. E, é claro, a recente candidatura de Pontes ao posto de propagandista do vermífugo Anitta.