A Aldeias Infantis SOS, organização internacional humanitária de desenvolvimento infantil, lança a campanha “DêUmBasta”, contra a violência familiar, que atinge uma criança a cada doze minutos no Brasil. Com o objetivo de mobilizar a população a tomar ações que detenham o ciclo de violência, a campanha alerta para a gravidade do problema no país, ainda subestimado.
Com se trata de um problema continental, a iniciativa se amplia por toda a América Latina, com a participação de outros 16 países na campanha. Segundo dados da Aldeias Infantis SOS Internacional , a cada ano, cerca de 6 milhões de crianças sofrem abusos severos nos países de região e mais de 80.000 morrem devido à violência doméstica.
Essa violência pode se tornar um ciclo permanente e compromete a saúde, autoestima, aprendizado e vida social das crianças. Por isso, no conceito da campanha, criado pela agência BBDO Argentina, as peças audiovisuais trazem uma animação que mostra uma criança em um carrossel, presenciando situações de negligência e conflito, que se repetem continuamente. No Brasil, o conteúdo recebeu a narração da cantora Sandra de Sá, que convida as pessoas a quebrarem esse ciclo de violência.
Por meio da hashtag #DeUmBasta, a organização estimula as pessoas a compartilharem a página da campanha nas redes sociais. Nas próximas semanas, serão publicados diversos posts no Facebook e Twitter alertando sobre o impacto da violência familiar no desenvolvimento infantil.
A violência na família se define pela ação ou omissão de integrantes de uma família e pode adotar múltiplas formas, como violência física, violência sexual, violência psicológica e negligência. As duas últimas são as formas mais invisíveis e aceitas pela sociedade latino-americana, apontadas pela organização como uma das principais causas para a separação de pais e filhos.
Nos países em que há pesquisas reportando as denúncias, a situação se mostra alarmante. Na Argentina, 5 milhões de crianças sofrem violência dentro de casa todos os dias; no Equador, estima-se que esta porcentagem chega a 40%. Em El Salvador e no Chile, 7 em cada 10 crianças recebem maus tratos por parte de seus pais. E na Bolívia, estima-se que o abuso intrafamiliar seja a principal causa de abandono dos adolescentes nas ruas.
No Brasil, não há dados específicos sobre o tema. O Disque 100, serviço de atendimento telefônico gratuito, recebeu de janeiro a junho deste ano 42.451 denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes. Do total de agressores denunciados, 77% pertenciam à família da vítima.
“Enfrentamos um grave silêncio em relação à violência direcionada a crianças no país, pois há muita omissão. Acabar com a violência pelas quais as crianças sofrem dentro de suas casas é combater o principal motivo que as separa de seus responsáveis”, afirma Sandra Greco, Gestora Nacional da Aldeias Infantis SOS Brasil.
Há 50 anos, a organização trabalha para defender e garantir os direitos de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, em 24 localidades do país. Oferece projetos de fortalecimento de vínculos familiares, além de alternativas de cuidado, a fim de prevenir a separação familiar de crianças, adolescentes e jovens, promovendo o fortalecimento de famílias e comunidades vulneráveis.
Desde o começo do ano, a Aldeias Infantis SOS internacional tem investido na mudança de cenário de violência contra crianças e adolescentes. Em maio, se uniu a Governos, fundações, empresas e a outras organizações da sociedade civil para lançar a Aliança Global pelo Fim da Violência contra a Infância. A iniciativa irá reduzir o impacto da violência nas famílias e comunidades, garantindo o acesso das vítimas a instituições justas e efetivas, além de estimular a população a se tornar agente de mudança em relação à problemática da violência.