Por Mauro Santayana*
Surreal e kafquiana, para dizer o mínimo, a nova investigação em curso para saber se a Odebrechet teria “beneficiado” Lula fazendo, de graça, consertos na piscina do Palácio do Alvorada.
“Beneficiado”, como? Lula, agora, virou dono do Palácio do Alvorada? Se a construtora consertou a piscina do palácio, ótimo. Ela arrumou e valorizou o patrimônio público. Nesse caso, qual foi o prejuízo para o erário?
Ou o Sr. Luis Inácio, já acusado antes – sem provas – de “roubar” crucifixos, faqueiros “fakes”, cujas fotos foram tiradas de um site de leilões dos EUA, etc, saiu com a piscina debaixo do braço, quando deixou de ser Presidente da República?
Ou mandou consertá-la para cometer outros crimes, quem sabe para fazer um “test-drive” nos emblemáticos – e caríssimos, ostentatórios – pedalinhos do sítio de Atibaia?
No afã de encontrar crimes que possam ser atribuídos ao ex-presidente da República, os responsáveis pelo “caso” tem que ter um mínimo de bom-senso e de sentido de proporção, para não passar ao mundo a impressão de que estão simplesmente forçando a barra para criar mais um de uma longa série de factoides políticos, ou simplesmente procurando, com microscópio eletrônico, pelo em cabeça de ovo para incriminar o ex-presidente da República.
*Mauro Santayana é gaúcho, jornalista com passagens pelos principais veículos de comunicação do Brasil. Conselheiro e amigo de Tancredo Neves, foi o responsável pela articulação da campanha presidencial do então governador mineiro, em 1984, representando-o em São Paulo, o que contribuiu, em muito, para o processo de redemocratização do Brasil. Siga o jornalista no Jornal do Brasil ou em seu blog.
A informação da suposta e descabida investigação deu origem a “reportagem”, com teor zero de jornalismo sério e isento, publicada hoje, 13 de novembro de 2016, pelo jornal Folha de S. Paulo. Confira: