Por Carlos Franco
A grande e plutocrática mídia brasileira que, desde o resultado das urnas das eleições presidenciais de 2014, vem apoiando um Golpe de Estado no Brasil, fazendo coro com suas elites e setores do poder Judiciário que há muito rasgaram o juramento simbolizado por Têmis, não verá amanhã. E é Golpe de Estado porque assim o definem os dicionários. Senão vejamos:
Golpe de Estado, também conhecido internacionalmente como Coup d’État (em francês) e Putsch ou Staatsstreich (em alemão), consiste na derrubada ilegal, por parte de um órgão do Estado, da ordem constitucional legítima. Os golpes de Estado podem ser violentos ou não, e podem corresponder aos interesses da maioria ou de uma minoria.
Afinal, esta mesma mídia que apoiou o golpe militar de 1964, levou mais de três décadas para se desculpar pela postura adotada. Alguns veículos timidamente, outros em tentativas quase sempre vãs de mostrarem que também foram vítimas do Golpe de Estado que apoiaram. E só o fizeram após a longa noite de horror que impuseram ao povo brasileiro e depois que ingressamos na era dos meios de comunicação eletrônicos e digitais, quando teses acadêmicas e arquivos da narrativa do golpe se abriram aos olhos do mundo revelando a realidade e o papel destes mesmos meios de comunicação.
De calças curtas e arriadas, esses veículos da grande e plutocrática mídia se desculparam pelos atos do passado; os mais destemidos em editoriais e os mais tímidos em vídeos e depoimentos para comprovar que também foram vítimas da censura do Golpe de Estado que contribuíram para tornar realidade.
Agora, a história é outra. O Golpe de Estado que se pretende dar ganhou transmissão ao vivo e a cores, as imagens, os atos e os discursos frágeis dos que ensejam e incitam à esta ruptura no Estado Democrático de Direito, com a cassação pública dos votos de mais de 54 milhões de brasileiros nas urnas de 2014, que reconduziram Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto, estão ao alcance de todos.
Não. Não haverá amanhã para esta grande e plutocrática mídia brasileira. A realidade mudou. Os anunciantes hoje preferem o contato direto com seus consumidores, buscam nas redes sociais uma alternativa de comunicação comercial que também passa por políticas de engajamento desses mesmos consumidores e das comunidades onde se inserem. Então, restará a essa mídia golpista, os assinantes que ainda acreditam nas mentiras que colunistas sem compromisso com o jornalismo e a ética veiculam. Por fim e mais gloriosamente, os anúncios de governos que apoiam esse Golpe de Estado e podem transformar assinaturas em apoio e anúncios em receita de caixa.
Mas essa relação ainda assim será frágil. Ela exterminará qualquer traço de credibilidade e, talvez, os jornalistas hoje golpistas acordem para a realidade que os cerca e cheguem à mesma conclusão de Rui Barbosa, que instituiu o primeiro ato do Golpe de Estado que inaugurou a República brasileira, em conversa com o imperador deposto Pedro II ao pedir desculpas pelos seus atos:
“Majestade, me perdoe, eu não sabia que a República se tornaria isso.”
Só que não haverá mais veículos como os de agora para que estes jornalistas se desculpem. Talvez por sua coragem, sua força e seu amor à vida e à liberdade, Dilma Rousseff ainda esteja de pé para ouvir tais esfarrapadas desculpas sobretudo das colunistas mulheres, mas o povo brasileiro certamente não as ouvirá. Esses jornalistas sem compromisso com o jornalismo prestaram o seu papel, agora podem ser demitidos ou aposentados, ou que quem sabe, no retorno à ausência de direitos trabalhistas (ainda que muitos desses direitos não façam mais gozo) sejam incluídos em programas de demissão voluntária, pois tornam-se descartáveis tanto quanto as ideias que hoje propagam incitando ao Golpe de Estado.
Não. Não haverá amanhã para estes meios de comunicação nem tão pouco para estes profissionais. Seguirão a mesma e triste sina daqueles que atuam no mercado de capitais e valem apenas o que valem quando conseguem ludibriar comprados e vendidos, depois tornam-se ação sem valor algum. E, assim, num gesto de mea culpa escrevem livros, alguns chegam a ganhar dinheiro, mas não são todos.