Michel Temer, o interino, que desde hoje, 12, ocupa a cadeira da presidenta eleita do Brasil, Dilma Rousseff, fez seu primeiro pronunciamento no Palácio do Planalto, sede do governo federal, em Brasília, falando em diálogo, mas empossou um ministério suspeito, onde sete investigados na Operação Lava-Jato agora passam a contar a parti de agora com foro privilegiado, isto é, só podem serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Num dos trechos do seu discurso ressaltou: “Unidos poderemos enfrentar os desafios desse momento que é de grande dificuldade. Reitero que é urgente pacificar a nação e unificar o Brasil, é urgente fazermos um governo de salvação nacional.”
Depois, no mesmo discurso, fruto talvez da colagens de diversos editoriais da plutocrática grande imprensa brasileira, Temer, o interino, engasgou e perdeu a voz. Ganhou uma pastilha e prosseguiu dizendo que a palavra crise deveria ser evitada e que espalharia outdoors por todo o Brasil para um clima de otimismo. E brindou a Nação com aquilo que parece ser piada pronta, sobretudo após empossar sete ministros suspeitos e investigados pela Operação Lava-Jato: “A Lava Jato tornou-se referência e, como tal, deve ter prosseguimento e proteção contra qualquer tentativa de enfraquecê-la”.
Outro detalhe que chamou a atenção foi a ausência de mulheres no governo, ocupando Ministérios, o que não ocorria no país deste a ditadura militar, pois o general Ernesto Geisel, nos idos da década de 1970, foi o último a não ter a presença feminina na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Também a ausência de negros, a maioria da população brasileira, foi percebida bem como a de representantes dos movimentos sociais. Isso sem falar na extinção do Ministério da Cultura e do status de ministério para as secretarias que cuidam de Direitos Humanos, Mulheres e Minorias. Um retrocesso que se completa com o fato de o Ministério da Justiça passar a ser ocupado por ninguém menos que Alexandre de Moraes, advogado de Eduardo Cunha (PMDB/RJ) afastado da presidência da Câmara Federal pelo Supremo Tribunal Federal (STF), onde é réu por corrupção e obstrução da Justiça, depois de ter presidido a sessão que deu início ao processo de impeachment da presidenta eleita, Dilma Rousseff.
Confira a relação de ministros, muitos dos quais alvos de investigação por corrupção ou oriundos de partidos e projetos derrotados nas urnas nas últimas quatro eleições presidenciais como é o caso de José Serra, do PSDB:
– Gilberto Kassab, ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
– Raul Jungmann, ministro da Defesa
– Romero Jucá, Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
– Geddel Vieira Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo
– Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
– Bruno Araújo, ministro das Cidades
– Blairo Maggi, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
– Henrique Meirelles, ministro da Fazenda
– Mendonça Filho, ministro da Educação e Cultura
– Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil
– Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social e Agrário
– Leonardo Picciani, ministro do Esporte
– Ricardo Barros, ministro da Saúde
– José Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente
– Henrique Alves, ministro do Turismo
– José Serra, ministro das Relações Exteriores
– Ronaldo Nogueira de Oliveira, ministro do Trabalho
– Alexandre de Moraes, ministro da Justiça e Cidadania
– Mauricio Quintella, ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil
– Fabiano Augusto Martins Silveira, ministro da Fiscalização, Transparência e Controle (ex-CGU)
– Fábio Osório Medina, AGU