Por volta das 14h30 de hoje, a União Nacional dos Estudantes (UNE) registrava 65 atos em instituições de ensino superior, mas prosseguem pela noite com aulas de democracia, exibição de filmes e debates sobre o golpe em curso e sobre o golpe de 1964 quando a ditadura militar foi implantada e resultou numa longa noite de 30 anos de desrespeito aos direitos civis e democráticos, entre os quais o voto. O mesmo voto dos brasileiros, que em sua maioria escolheram Dilma Rousseff como governante, que parlamentares, muitos deles insuflados por elites corruptas e sonegadoras de impostos, acobertadas por uma mídia com longa tradição golpista, ameaçam cassar num novo golpe. Tanto mais lamentável que o golpe em curso tenha aliados no Poder Judiciário em confronto direto com a imagem de parcialidade que se deveria esperar da Justiça.
Segundo a UNE, na Universidade Federal do Ceará houve uma caminhada entre os blocos da instituição e foi realizada uma aula pública nos jardins da reitoria sobre o Estado Democrático de Direito e a luta pela democracia. Na Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, também ocorreu um ato em que os participantes fecharam os portões. Na Universidade Federal da Paraíba também houve uma aula pública sobre democracia.
Na Universidade de Brasília (UnB), a mobilização pelo Dia Nacional de Paralisação nas Universidades em Defesa da Democracia começou com uma roda de estudantes de mãos dadas e gritos de “não vai ter golpe”. Na entrada do Instituto Central de Ciências (ICC), eles discursaram contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e em defesa da democracia.
A vice-presidenta regional da UNE, Luiza Calvette, explicou que dirigentes de centros acadêmicos da UnB convocaram os estudantes para a assembleia hoje para que a comunidade acadêmica demonstre a preocupação com a condução do processo de impeachment e com o futuro da educação no país.
Defesa da democracia
“Não é um ato em defesa do governo, da Dilma [Rousseff], é um ato em defesa da democracia e pelos nossos direitos. Acreditamos que o processo de impeachment, como vem sendo feito, é golpista porque não há base legal contra a presidente. Ela não cometeu crime de responsabilidade. Além disso, tememos o programa proposto por Temer [Michel Temer, vice-presidente] que mexe nos nossos direitos e nos programas sociais para reduzir a desigualdade”, disse Luiza.
A presidenta da UNE, Carina Vitral, disse que os estudantes têm papel central no momento político que vive o país. “Neste momento, não seria outra parte da sociedade, senão os estudantes, a reagirem a esse atentado à democracia. Impeachment sem base legal é um golpe contra a nossa democracia. Somos a mesma UNE que conquistou as eleições direitas, que derrubou um presidente por meio de um processo de impeachment, e é, por isso, que sabemos qual o critério para ter impeachment. Pedalada fiscal não é crime de responsabilidade”, disse a discursar para os estudantes na UnB. (Da redação com Agência Brasil)