CARLOS FRANCO
Foi-se o tempo em que tirar as luvas era um ato erótico, capaz de gerar protestos e tornar o filme “Gilda”, de 1942, dirigido por Charles Vidor e estrelado por Rita Hayworth, referência global de erotismo. Hoje, as coisas estão bem mais as claras e a mostra. O que surpreende e mostra que o erotismo está em alta são dados que a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme) acaba de tirar do forno relevando que este mercado movimenta por ano R$ 1 bilhão e 70% dos consumidores, essa é a surpresa, são mulheres.
Isso mesmo, são elas que ajudam a movimentar esse setor que emprega 50 mil pessoas, reúne 30 fabricantes, 50 distribuidores, 15 importadores e abastece 1 mil lojas físicas e 650 lojas virtuais. Tem ainda um exército de três mil vendedores porta a porta, aqueles de catálogos mais apimentados do que os da Avon e Natura, e 500 sites adultos mais 150 publicações impressas e cinco produtoras de filmes para abastecer o apetite sensual do brasileiro. Nesse porta a porta, as lingeries, aquelas para serem usadas apenas entre quatro paredes e outras tantas inspiradas em “Gilda”, estão sempre em alta e esse tipo de venda é antídoto contra a “ vergonha”de muitas em comprar esses produtos na loja, dado o significado direto que têm com o erotismo.
Só em 2010, segundo os dados da Abeme, o setor cresceu 17%. E a publicidade entra firme, ainda que indiretamente, nesse mercado, já que boa parte da propaganda faz alusão à sensualidade de pares perfeitos e desperta em muitos desejos sensuais muitas vezes confessos. Esse lado subliminar da publicidade, incluindo a de cerveja, há muito tem forte impacto sobre a indústria dos produtos eróticos. Se a Abeme agregasse todos os produtores os números seriam ainda mais expressivos, uma vez que a entidade não contabiliza salas de chat e produções caseiras eróticas e sensuais, que toda semana, sobem para os rankings do Youtube. Nem aquelas produções estrangeiras que o brasileiro baixa pela internet e onde acredita poder andar íncolome.
Os internautas de Portugal, por exemplo, já reclamam da grande quantidade de brasileiros que trafegam como se residissem na terrinha, a espera de encontros tórridos de paixao em sites de relacionamento.
Além do varejo físico, é na internet que esse mercado mostra mais vigor. O portal Loja do Prazer, por exemplo, registrou crescimento de 40% em 2010, com 11 mil produtos à venda, incluindo aqueles usados para a montagem de cenário como bebidas, chocolates, roupas de cama, mesa e banho, chega a ter oito mil pedidos por mês, que chegam a 10 mil em datas como o Dia dos Namoradores e, acredite, o Natal. Daniel Passos, que comanda o portal, diz que além do apelo erótico, os produtos têm apelo romântico e a entrega até 4 horas do pedido feito facilita a venda. E mostra também que, nesse jogo, a pressa é sempre parceira da perfeição.
E se as atrizes que personificaram a “tiazinha” e a “feitiçeira” deram dois suspiros e caíram do galho, essas fantasias ainda estão entre as mais procuradas por elas para atrair os homens deixando um aura de mistério no ar. Afinal, são as mulheres que, disparado, comandam esse mercado, ainda que reclamem do machismo na publicidade. Vai entender…