Para economizar repórteres, como disse em rede social pessoa que conhece bem a casa sediada no bairro do Limão, em São Paulo, O Estado de S. Paulo, agora publica matérias em duplicata na mesma página. Na verdade, nem se trata de economizar, se trata mesmo é da falta de repórteres, editores e revisores, profissionais que, no dia a dia, contribuem para que um veículo de comunicação seja referência de mercado. Neste dia 7 de abril, dia do jornalista, o assunto, lamentavelmente, é o corte de mais de 100 profissionais pelo vetusto, que, assim, vai descendo ladeira abaixo. O BBA Itaú que no ano passado recebeu carta branca dos acionistas para a venda do Grupo Estado até o momento não encontrou interessados. Agora, com o corte na carne, naquilo que é a missão do jornal de levar informação de qualidade aos seus leitores, essa possibilidade pode ficar mais próxima ou mais distante, tudo dependerá do interesse de quem quer comprar o Estadão. Na bacia das almas, certamente o preço será menor.
Desde a véspera do dia do jornalista, ontem, 6, o buzz tomou conta das redes sociais por conta das demissões no Estadão. Os veículos especializados em mídia indicam cortes de mais de 100 profissionais. O que talvez explique o fato da nova modalidade inaugurada pelo vetusto de publicar reportagens duplicadas em uma única página. A ausência de repórteres é grave. O jornal o qual o BBA Itaú tinha carta branca para vender, no ano passado, padece de interessados. E diante desse fato começa a cortar, literalmente, na carne. O curioso é que mantém, ou melhor contratou nem faz muito tempo assim, uma certa jornalista que considera todos (vejam bem: todos) os blogueiros sujos como se ela fosse limpinha e cheirosa como é típico de répteis que chafurdam na lama. Coisa de cobras que nem merecem registro.
Tal visão só mostra mesmo o fosso do veículo em relação às novas plataformas de informação ainda que Rodrigo Lara Mesquita, à frente da Agência Estado, tenha enxergado primeiro, no Brasil, a força da comunicação em tempo real. Foi o responsável em transformar a Agência Estado e seus produtos como a Broadcast em referência no setor financeiro, o que acabou atraindo para o país concorrentes como a Bloomberg. Um passado que o “jornalão” parece ignorar assim como sempre olhava com nariz empinado para a Agência Estado e seus profissionais, assim como aqueles que se empenhavam no Jornal da Tarde, porque só o vetusto era importante e ainda parece ser para certos jornalistas. Por isso mesmo, o grupo nunca soube aproveitar as novas ferramentas adequadamente talvez por imaginar como certa jornalista que todos os blogueiros, a turma da internet enfim, é suja e não tão limpinha quanto ela escrevendo em papel jornal que ainda solta tinta. Uma belezura de limpeza.
Entre os profissionais cortados pelo Estadão estão grandes nomes da imprensa brasileira, como Sílvio Barsetti, um coringa na cobertura esportiva, e Jotabê Medeiros, um craque do segundo caderno. Outros nomes, gradativamente, vão se somar aos deles, além dos que saíram antes, pouco antes da chegada de certa jornalista. O Estadão, assim, vai a passos cada vez mais rápidos descendo a ladeira, cada vez mais descomprometido com o jornalismo e cada vez mais próximo de um panfleto raivoso e odioso, como o demonstra sua página três, onde editoriais nunca deixam dúvidas: querem ver sangrar o Brasil e os brasileiros, sorte do Brasil e dos brasileiros, que o jornal ao qual dediquei 12 anos da minha vida – em alguns momentos fui feliz e em outros nem tanto – está sangrando antes, em praça pública. E cortando jornalistas no dia do jornalista. Uma comemoração, de fato, inspiradora.