Um show pirotécnico encerrou os primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI) na noite desse sábado (31), em Palmas. Fogos de artifício cobriram o céu da Arena Verde ao final da cerimônia de encerramento dos jogos, sob aplausos de milhares de indígenas e não indígenas nas areias e nas arquibancadas. Uma verdadeira maratona de jogos, debates, manifestações e muita celebração chegou ao final.
Por Marcelo Brandão/Enviado Especial da Agência Brasil
Foi uma semana intensa de descobertas e trocas culturais. Nações de várias partes do mundo se reuniram em Palmas e entraram para a história como integrantes dos primeiros jogos mundiais. Foram 1.695 indígenas do Brasil e de outros 22 países disputando provas e demonstrando seus esportes típicos.
Os palmenses, turistas e imprensa do mundo inteiro puderam ver, conversar e tirar fotos com pataxós, manokis, karajás, Kuikuros e vários outros índios do Brasil. Os estrangeiros também foram bem recebidos. Mexicanos, bolivianos, neozelandeses, canadenses, dentre outras nações, conquistaram e foram conquistadas pelo público presente. Ganhando ou perdendo, todos eram aplaudidos e celebrados.
A população de Palmas abraçou o evento. A vila dos jogos recebeu uma média de 13 mil pessoas por dia. Até sexta-feira (30), foram 104.856 mil visitas ao complexo, que abrange a Oca da Sabedoria, a Feira de Artesanato, a Feira de Agricultura, o Estádio Nilton Santos e a Arena Verde. Só na última semana, foram 51.492 visitas. Enquanto as últimas provas eram disputadas no início da noite de ontem, visitantes formavam filas enormes para entrar na Feira de Artesanato.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Feira de Artesanato movimentou, só até a última quarta-feira (28), mais de R$ 300 mil em vendas de produtos produzidos por indígenas de várias etnias. Um grande comércio também foi montado em frente à feira, por iniciativa de diversas etnias, entre elas, Karajá e Pataxó. No local, o movimento também era intenso.
“Do ponto de vista da organização, a gente tem que dizer que foi um sucesso. A gente esperava um público de 100 mil pessoas até o final do evento. Passamos desse número”, avaliou o diretor-geral dos JMPI, Luiz Lobo. Para ele, a maior herança do evento é o encontro de várias culturas. “Mais positivo é essa oportunidade que povos do mundo inteiro tiveram de se encontrar em um só lugar e discutir questões como demarcação de terra, água, sustentabilidade. Acho que esse é o legado maior”.
O articulador dos jogos, Marcos Terena, também comemorou o resultado do evento sobretudo na afirmação das diferentes culturas que existem no mundo. “Não só nós, como organizadores, mas todas as delegações indígenas perceberam a importância do evento com essa grandeza. Afirmamos nossa grandeza, nossa inteligência e nossos direitos de sermos diferentes”.
Terena também lembrou o viés político dos jogos, a visibilidade para as questões indígenas. “Nós mostramos que a medalha principal é o direito à vida. Se não tivermos demarcação das terras, não terá vida e essa riqueza plástica e cultural que nós temos não vai sobreviver no futuro”.
A próxima edição já tem ano e local para acontecer. Indígenas do mundo inteiro se reencontrarão no Canadá, em 2017. “Poderemos receber vocês com toda honra e alegria com que vocês nos receberam aqui. Já convido vocês para participarem dos segundos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas”, disse o líder da etnia Cree, do Canadá, Willy Littlechild.