Ela havia prometido fazer graça em Gramado, mas foi além. Sonia Braga conquistou público e imprensa esbanjando simpatia e disposição, desdobrando-se entre entrevistas e beijinhos assoprados para os fãs ao desfilar pelo tapete vermelho do 44º Festival de Cinema de Gramado.
No trajeto entre sua chegada ao evento, ontem à noite (26), e o momento de subir ao palco para receber o Troféu Oscarito, soltou-se em um desfile que mesclou momentos graciosos, em que fez caretas para as câmeras, com outros mais sensuais como o momento em que tirou o casaquinho que cobria seu colo para amenizar o calor. Tudo com muita elegância e ao som de uma trilha que reproduzia trechos de canções clássicas que embalaram seus filmes, como A Luz de Tieta, de Caetano Veloso, e Eu te amo, de Chico Buarque.
Foi um percurso recheado de lembranças, com imagens de seus filmes passando em televisores dispostos ao longo do tapete vermelho e o reencontro com velhos amigos como o curador do Festival de Gramado Rubens Ewald Filho ou o diretor de Tieta e Dona Flor e Seus Dois Maridos, Bruno Barreto, que fez a entrega do prêmio para a atriz.
“Essa é a homenagem mais linda, esse caminho com tantas recordações”, emocionou-se ao subir ao palco.
Todos dizem eu te amo
Na tela do Palácio dos Festivais, outros três companheiros de trajetória – o cineasta Cacá Diegues, a atriz e “comadre”, como se auto-intitulou Renata Sorrah e o compositor Caetano Veloso – declararam sua admiração pela estrela do cinema brasileiro.
“A câmera adora o rosto e o corpo de Sonia Braga; ela respira cinema”, elogiou Cacá Diegues.
“Fico encantada com essa mulher incrível que você é, moderna, contemporânea; tenho muitas saudades”, revelou Renata Sorrah.
“Você é a coisa mais linda da minha vida e do Brasil, sua historia é gloria pura”, completou Caetano.
Pessoalmente, o diretor de ‘Aquarius’ – longa que fez sua estréia pública no Brasil logo após a homenagem à atriz – Kleber Mendonça Filho, não se segurou: “Tive muita sorte de ter Sonia nesse filme. Um ano atrás estávamos gravando e hoje eu só posso dizer obrigada, Sonia. Eu te amo”.
Dona Flor e seus dois Vadinhos
A naturalidade com que Sonia brincou com todos que a rodearam teve seu ápice no encontro com Bruno Barreto. Depois de dar um beijo na boca do diretor, ouviu uma “pergunta capciosa” como o próprio definiu: “Se eu e o Kleber fôssemos seus dois maridos, quem seria o Vadinho”?
A brincadeira era uma referência ao personagem de José Wilker na adaptação do livro de Jorge Amado, o preferido da protagonista da historia, que mesmo após a sua morte provocava o desejo de Dona Flor.
Sonia não teve dúvidas, manteve o tom de zombaria. “Hummm… tem um que é nordestino como Vadinho” – esse seria Kleber, que é pernambucano. “O outro é safado”, criou o suspense. “Acho que nesse caso seria Dona Flor e seus dois Vadinhos”, saiu-se, diplomática.
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