O presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, reeleito para seu quinto mandato no último dia 28, renunciou hoje ao posto e vai preparar novo congresso para eleger o sucessor, o que deve acontecer até o final do ano.
Blatter estava certo ao afirmar em discurso no dia em que foi reeleito, de acordo com reportagem de Alex Rodrigues, da Agência Brasil, que as denúncias de que alguns dos principais dirigentes da entidade são suspeitos de envolvimento em um esquema milionário de corrupção trouxe “vergonha e humilhação” para o esporte mundial.
Ao discursar durante a abertura do 65º Congresso da Fifa, evento durante o qual foi reeleito, aos 79 anos, no último dia 28, em Zurique, na Suíça, onde fica a sede da federação, Blatter disse: “Vêm aí mais más notícias”. “Muito mais tem que ser feito para garantir que haja ética no futebol e no esporte. Temos que dar resposta aos fãs. Temos a oportunidade de começar a mudança e recuperar a confiança [da opinião pública]”, declarou Blatter, cujo nome não está entre os dirigentes já indiciados pela Justiça dos Estados Unidos.
O suíço procurou se isentar da responsabilidade pelas ações dos principais acusados pelas autoridades norte-americanas e presos pela polícia suíça no dia 27, incluindo o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin. “Não posso vigiar todos os membros da nossa família no mundo”, defendeu-se, antes de voltar a garantir que a federação está cooperando com as autoridades responsáveis por apurar as suspeitas.
Só que a situação se agravou ontem por conta do envolvimento direto de seus auxiliares. O jornal The New York Times informou ontem, 1, que Jérôme Valke fez transferências bancárias no valor de US$ 10 milhões para contas controladas por Jack Warner, um dos implicados no escândalo de corrupção na Fifa. A federação chegou a emitir comunica informando que “os US$ 10 milhões referem-se a um projeto de desenvolvimento do futebol no Caribe. Nem Jérôme Valcke nem qualquer outro alto responsável da Fifa estiveram envolvidos neste projeto”. A versão da Fifa confirmou a do presidente da federação da África do Sul, Danny Jordaan, diretor-executivo da candidatura sul-africana em 2008, que no domingo havia dito que o dinheiro transferido a pela Fifa ao Caribe não era um suborno, mas sim um legítimo pagamento ao Fundo de Desenvolvimento do Futebol nas Caribe.
Os comunicados foram insuficientes para reduzir a exposição do comando da Fifa no escândalo que, agora, ganha novo capítulo com a renúncia de Blatter.
