A herança de Margaret Thatcher na política britânica, a TV americana na produção ficcional e as particularidades de se fazer dramaturgia na Inglaterra foram alguns dos eixos da mesa “Encontro com David Hare”, temperada com o sagaz british humour.
Um dos maiores nomes do teatro do Reino Unido, David Hare — responsável pelo roteiro cinematográfico de “As Horas” e “ O Leitor” — apontou a necessidade de ser ter “inimigos à altura” e contou das recepções, boas e e ruins, que suas peças tiveram em noite de estreia.
“Eu sou muito polêmico. Digo que seria ótimo que o teatro no Reino Unido amadurecesse, que pudéssemos escrever não sobre as mães, nossos casamentos e nossos amantes, mas sim sobre a Revolução Chinesa, sobre privatização das ferrovias , sobre o Terceiro Mundo… Isso arejaria, mas as pessoas acham que estou tentando impor um certo tipo de teatro”, disse David Hare.
Autor de peças feitas “com espírito de documentarista”, Hare frequenta reuniões de estratégia política e investiga temas como o processo diplomático antes da invasão do Iraque. “As pessoas desabafam com um dramaturgo como nunca fariam com um jornalista. Eu nunca vou citar as fontes, indicar os nomes ou nada parecido. É quase como ser um padre recebendo uma confissão.”
Falando ainda de política, Hare citou o fracasso do modelo neoliberal após a crise financeira de 2007-2008, mas afirmou que “os políticos continuam tentando impor esse mesmo modelo”, mencionando a atual crise na Grécia.
Reprodução de texto e foto do Blog da Flip