A obesidade de Jairo tinha resistido a tudo: uma infinidade de dietas, caminhadas desajeitadas no Parque do Flamengo, várias semanas num spa e por aí vai. Ele só começou a emagrecer (de tristeza) quando sua esposa Laurinha confessou que não estava fazendo horas extras e, sim, aulas de dança de salão. Jairo nunca teve jeito para dançar e, depois desta notícia, o casamento, que já não ia bem, começou a trocar as pernas. Mas como agora ele estava perdendo peso, ainda tinha esperança de reconquistar a esposa. Na festa-baile de formatura de Laurinha, ele já tinha se livrado de seis quilos. Tarde demais. Laurinha já estava transando com o professor de lambada.
Boate gay. Interior. Fim de noite. “Júnior não é nome”, tive vontade de dizer a ele. Ainda repeti a pergunta, na esperança de que o último gole lhe inspirasse a produzir algo mais consistente, ainda que não necessariamente real, como Marcelo ou Ricardo. Mas ele insistiu em “Júnior”. Como já passava das três da manhã, resolvi ficar com o cara mesmo assim, assumindo todos os riscos que um homem com um “não-nome” podia representar pra mim.