A Givenchy sob o comando de Riccardo Tisci ousa na sua mais nova campanha publicitária ao mostrar as várias faces do amor e da sensualidade. O lesbian chic está presente, como as insinuações dos atributos masculinos em roupas que são reconhecidas pela qualidade de uma alfaiataria respeitada e conceituada, mas que, como todas as marcas do mercado de luxo precisa dialogar, atrair e chegar às novas gerações sob o risco real de sumir do mapa. É onde a rebeldia do jovem Tisci pontua mais que os detalhados cortes de suas criações, o destemor se faz presente. Givenchy é para maiores.
YUME IKEDA, DE TOKIO
Melhor tirar pessoas conservadoras da sala, aquelas que num passado remoto usaram Givenchy ou quiseram usar ao contemplar em páginas de revistas e celebridades o jet set internacional usando a grife; páginas hoje amareladas pelo tempo. O novo comercial de Givenchy Spring-Summer 2015 é para os ousados, para os que ainda querem viver e experimentar suas próprias experiências, sobretudo os limites do corpo e de uma roupa que a ele se molda com precisão.
Givenchy há muito tem deixado no armário da moda aquele cheiro de naftalina. Precisamente desde julho de 2005, quando Tisci apresentou sua primeira coleção de alta costura pela grife e, desde 2008, quando assumiu também os produtos masculinos. A partir daí, tornou-se um fenômeno entre os fashionistas. Atraiu atenção e Givenchy agradeceu, pois corria o risco de ficar presa a um passado glamouroso que cerrou suas cortinas antigas nos antigos teatros da moda.
Tisci subiu ao palco do pop, buscou inspiração e a devolveu em forma de moda. Foi assim quando vestiu Maddona para a turnê Sticky & Sweet Tour, em 2008, na sequência de Jean Paul Gaultier e Dolce & Gabbana . Em 2009, para o bis da turnê ele projetou outro traje para a canção de abertura Candy Shop. Ele também entregou roupas criadas para Madonna usar fora do palco e ela usou.
Mas Tisci fez mais. Na coleção outono-inverno de 2010, decidiu lançar um antigo assistente pessoal, Leo, no mundo da moda, como top model. O brasileiro Leo, então ganhou as passarelas como Lea T. Tisci se sentiu realizado. As revistas da moda deram enormeeeeeee destaque, afinal Givenchy tinha uma top model transsexual. Lea T se portou com dignidade, à altura de Tisci na defesa instransigente das diferenças. O mais importante, porém, foi o pai de Lea T, o astro do futebol brasileiro Toninho Cerezo, que, com enorme elegância, apoiou aquele que nascera filho e naquele momento se tornara ela, a top model do mundo da moda: Lea T.
Tisci, com sua paixão pelas cores escuras, uma visão gótica oriunda do seu catolicismo com fortes raízes italianas, é sempre surpreendente. Continua a surpreender, a mostrar que talento é algo que tem a ver com rebeldia. Ele que nasceu em 1974 ainda tem muito a oferecer. A moda penhoradamente agradece a Tisci e Givenchy paga a conta.
FICHA TÉCNICA
Creative Director: Riccardo Tisci
Models: Mica Arganaraz, Imaan Hammam & Alessio Pozzi
Directors: Mert Alas & Marcus Piggott
Style by Katy England
Make-up by Lucia Pieroni
Hair by Didier Malige