A jornalista Beatriz Thielmann, da TV Globo, morreu em São Paulo no domingo, 29. Beatriz tinha 63 anos e lutava contra um câncer, deixou dois filhos e dois netos e um legado de amor e respeito ao jornalismo.
Em nota, a Rede Globo diz: “Para os colegas, a perda é irreparável. A direção da Globo ressalta que Beatriz era uma profissional brilhante e uma colega de trabalho sem igual”. De acordo com informações do portal G1, com mais de 30 anos de carreira, Beatriz cobriu importantes momentos do país, como a promulgação da Assembleia Nacional Constituinte, em 1988, a eleição e morte de Tancredo Neves, a implantação do Plano Cruzado, a Eco-92, os Jogos Pan-Americanos e a visita do Papa Francisco ao Rio.
Em 1982, depois de ter se formado em Direito, Beatriz ingressou nos quadros da Globo como estagiária de edição de textos e foi seguindo carreira, passando por diversas redações na emissora até que, de microfone na mão, assumiu importantes coberturas para a televisão.
No Facebook, diversos amigos externaram a dor da perda, entre os quais a jornalista Regina Zappa, com a qual Beatriz dirigiu em parceria o documentário “Vento bravo” sobre a obra e a vida musical de Edu Lobo. Beatriz era exemplo de sensibilidade e respeito também para com os colegas.
Nos cruzamos algumas vezes, sendo que uma ficará guardada na memória. Num domingo ensolarado no Rio de Janeiro, eu, pela Folha de S. Paulo, e vários colegas acompanhavámos nas suas caminhadas pela praia o então ministro da Fazenda, Marcílio Marques Moreira. Ele se sentia mais a vontade, nessas ocasiões, de dar importantes depoimentos sobre a economia do que em Brasília onde passava a semana. Nesse dia em particular e caminhando pela orla de Ipanema, com Beatriz se enrolando em meio aos fios do microfone atrelados a cinegrafistas, o então ministro acabou por informar que iria liberar o dinheiro das cadernetas de poupança confiscado por sua antecessora na Fazenda, a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello.
Beatriz e os cinegrafistas, obviamente e pelas condições em que essas entrevistas eram feitas, perderam imagem e áudio. Quando o ministro fez uma parada para tomar água de coco, numa das barracas do Arpoador, depois de ter caminhando do Leblon até Ipanema, praticamente na divisa com Copacabana (isso dá cerca de quatro kilômetros), ela pediu a ele para que, de forma civilizada, sentado num banco do Arpoador, desse aos brasileiros a mesma informação de minutos atrás, pois isso era muito importante.
Beatriz sempre teve a exata noção da importância e do valor de uma informação. O ministro, porém, sempre foi mais tímido com emissoras de televisão, tendo maior desenvoltura com repórteres da imprensa escrita. Beatriz foi tenaz e insistiu até sair dali com a informação.
Lá vai Beatriz para a redação de Pedro. Deixará saudade entre daqueles que com ela conviveram, mas também um legado na história do telejornalismo.