Por Carlos Franco
José Carlos Avellar morreu. Perde o cinema o melhor e mais ponderado crítico que o Brasil já teve e que por 20 anos brindou os leitores do Jornal do Brasil com seu texto afiado e sua generosidade em compartilhar conhecimento. Conheci Avellar nos anos 1980, quando iniciava na profissão de jornalista (quando ainda havia jornalismo) e tinha acabado, em 1983, de concluir o meu curso na Universidade Federal Fluminense (UFF). Avellar não se furtava em dar atenção aos estagiários do Jornal do Brasil, nem de dedicar seu tempo a ensinar aqueles que, como eu, não tinham muito conhecimento. Nos fazia ver o cinema com outros olhos, mergulhar na tela. O olhar de Avellar, ele nunca o escondeu, sempre foi o da paixão, mostrava como uma cena poderia ficar gravada na memória ao longo do tempo pelo impacto que poderia criar, ainda que o filme como um todo não entregasse um turbilhão de imagens impactantes.
Valorizava sempre o trabalho de todos que se envolviam numa produção cinematográfica. Apontava acertos, por vezes erros, que dificilmente um expectador sem seu conhecimento e talento para com as palavras seria capaz de ver em profundidade. Deixa ele hoje de legado a simplicidade no trato com as pessoas, a compreensão e um olhar apaixonado pelo cinema e pelo mundo. E livros, muitos livros e artigos que nos ensinam a trilha de como ver o cinema, como entender as suas nuances e como sermos homens do nosso tempo e senhores de nossas memórias.
Segue na luz, caro Avellar.