Por Carlos Franco
Os jornalistas Catharina Obeid, Manuela Rached e Renato Bonfim fizeram aquilo que os jornais e os burocratas de gabinete, sejam eles do Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário e, sobretudo da mídia, em sua maioria não o fazem: ir a campo, ir aonde o povo está e ver de perto como vivem e como é a realidade do Brasil. Seus sonhos, seus desejos e seu cotidiano.
Viajaram até a pequena cidade de Guaribas, no Piauí, distante 648 km de Teresina, a capital do estado, que apresentava um dos menores índices de desenvolvimento humano (IDH) do país há 13 anos, com seus 4.478 habitantes vivendo da renda formal de apenas 18 cidadãos. O Programa Bolsa Família, criado há 13 anos, mudou a realidade local, trouxe esperança, incluiu, tornou-os cidadãos, libertou-os de um ciclo vicioso e irrigou a economia local. Com isso, beneficiou indústria, comércio e agências de publicidade num ciclo virtuoso.
Um ciclo de vida real muito distante das críticas de viventes de gabinetes que consideram o programa populista, mas dele se beneficia não indiretamente, mas diretamente e demonstram o seu total desconhecimento do que é a economia e do papel do Estado em governar para todos e não para grupos de interesses que a grande imprensa tanto defende em troca de anúncios. São desses recursos de brasileiros e brasileiras como as guaribanas que nascem os impostos que, como assumiu (e destacamos pois a dignidade é artigo raro nos dias de hoje entre os integrantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário) a atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmém Lúcia, de que são desses impostos e contribuições que retira seus proventos. Proventos capazes de assegurar, no caso da presidente do STF, a sobrevivência anual de centenas de brasileiros apenas com um salário que recebe mensalmente.
É de se esperar, portanto, que em seus atos e decisões a ministra Carmén Lúcia, conterrânea de Darcy Ribeiro, um homem que como Cristo amava o próximo com a si mesmo, tenha a mesma postura em suas decisões. Ainda que, aqui, tenhamos necessidade de salientar que muitos dos atos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário nestes tristes e sombrios dias em que vivemos conspirem contra o povo brasileiro.
Conspirem contra as mulheres guaribanas as quais o Bolsa Família libertou, resgatando a cidadania e reafirmando a dignidade. A dignidade de um povo, de brasileiras e brasileiros como nós. Pessoas que não vivem em bolhas, mas que têm o pé no chão neste país chamado Brasil. É a história delas, de todos nós, enquanto brasileiros, que o documentário de 25 minutos coloca em cena. Vale ver. Vale muito se ver no filme. É uma reafirmação de nossa brasilidade. É um resgate de todos nós; homens e mulheres. É o nosso lugar no mundo. Oxalá homens e mulheres como Carmén Lúcia o vejam e reconheçam nele a matéria prima da qual somos feitos e que aquilo que nos une, nos torna brasileiros e brasileiras e que também nos divide, nos separa quando da realidade nos desvinculamos.
LIBERTAR: RELATO DE GUARIBANAS DO BOLSA FAMÍLIA
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