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MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO EM CARTAZ NO RIO - Revista Publicittà MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO EM CARTAZ NO RIO - Revista Publicittà

MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO EM CARTAZ NO RIO

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Uma viagem afetiva do fotógrafo e designer gráfico Cesar Fraga por nove países africanos resultou em uma exposição inédita que lança um novo olhar sobre os lugares de memória do tráfico de escravos para o Brasil. A mostra Sankofa: Memória da Escravidão na África, em cartaz na Caixa Cultural Rio de Janeiro, apresenta um total de 250 itens, incluindo 54 fotos, totens multimídia, textos com  descrições dos países visitados e recursos de interatividade. Memória da Escravidão na África, resultado da viagem do fotógrafo César Fraga por países africanos fica em cartaz até 22 de dezembro na Caixa Cultural (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Por Paulo Virgílio/Repórter da Agência Brasil

A curiosidade pelos fatos que antecederam a história da escravidão e o fascínio em relação às proximidades culturais entre o Brasil e os países africanos que comercializavam escravos foram os fios condutores que levaram César Fraga à expedição, na qual investigou as próprias origens. O fotógrafo e designer é bisneto de uma beneficiária da Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos das mulheres escravas nascidos a partir de 1871, quando essa legislação pré-abolicionista foi aprovada.

Durante um ano sabático na África do Sul, ele percebeu a necessidade de dar sua contribuição para encurtar a distância cultural que separa o Brasil do continente africano. As fotografias que integram a exposição foram publicadas no  livro Do Outro Lado, resultado da expedição de Fraga, que documenta a cultura e o cotidiano das localidades visitadas e, por vezes, sua correlação próxima com os costumes brasileiros.

“Grande parte do povo brasileiro vem da mistura entre colonizadores brancos, indígenas nativos e negros trazidos à força da África. Referências europeias não faltam, basta ligar a TV. Mas há muito ainda a se descobrir sobre nossos ancestrais índios e negros, os grandes silenciados da história. Foi assim que nasceu o projeto Do outro lado”, conta Cesar Fraga. Designer formado pela Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj),  ele é fotógrafo autodidata e já atuou em projetos na América do Sul, Europa, África, Ásia e Antártica.

 Memória da Escravidão na África, resultado da viagem do fotógrafo César Fraga por países africanos fica em cartaz até 22 de dezembro na Caixa Cultural (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Roteiro

Elaborado pelo professor e escritor João Reis, considerado um dos mais importantes africanistas brasileiros, o roteiro da viagem abrangeu cidades e regiões protagonistas do tráfico de escravos. Entre 2013 e 2014, foram 60 dias percorrendo Cabo Verde, Senegal, Guiné-Bissau, Gana, Togo, Benim, Nigéria, Angola e Moçambique, países de onde saíram boa parte dos 11 milhões de homens e mulheres vendidos como escravos – quase metade tendo o Brasil como destino –  ao longo de 350 anos.

O nome da exposição – Sankofa – refere-se a um mítico pássaro africano de duas cabeças, que, segundo a concepção nativa, simboliza voltar ao passado para dar outro sentido ao presente. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal, e conta com apoio do Ministério das Relações Exteriores e de empresas privadas.

A mostra fica em cartaz até 22 de dezembro e pode ser vista de terça-feira a domingo, das 10h às 21h. A entrada é gratuita. A Caixa Cultural Rio de Janeiro fica na Avenida Almirante Barroso, 25, no Centro.

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