O mercado de luxo sempre recorre ao que é consagrado para aliar bom gosto e conceito. É o que fez Montblanc Meisterstück ao apresentar, no primeiro dia do mês, em Londres, a sua nova coleção de acessórios de couro da linha Montblanc Selection Sfumato, que recorre à antiga técnica de pintura do genial Leonardo Da Vinci. A apresentação é um luxo, sobretudo porque os acessórios ganharam estampas pintadas à mão para depois serem reproduzidas na mais perfeita assimetria do sfumato, esfumaçado, claro e escuro, como as pinturas do genial Leonardo Da Vinci.
POR YUME IKEDA, DE TOKYO
O mercado de luxo vende mais o conceito do que o produto em si. Sempre foi assim e, assim, continuará sendo para todo o sempre, como num mantra sagrado onde marcas e produtos permanecem no topo por saberem agregar esse diferencial que as torna únicas.
Montblanc Mesterstück há muito deixou de ser apenas uma fabricante de canetas que grandes líderes, celebridades e os aspirantes a essa posição usam, a exemplo dos hoje velhos “coxinhas neoliberais” do passado recente, dos anos 1980 e 1990, para os quais, sem conteúdo como é típico deles, a caneta não passava de mero adorno de poder. A diferença é que Montblanc, como o próprio monte dos Alpes, continua no topo e muitos desses “coxinhas” perderam o emprego depois de desempregarem milhares em todo o mundo com suas fórmulas mágicas e ferozes. Deixaram, portanto, de ser referência no novo mercado, envelheceram como é típico dos “padrões pobres” que apregoam e que o mundo os devolve mais pobres, mais cedo ou mais tarde.
Montblanc, ao contrário, busca o que há de melhor em conceito, como o sfumato, uma técnica que consiste em finas camadas de tinta sobrepostas, que vão esfumaçando o desenho, a estampa, tornando-as únicas e diferenciadas num mundo onde o modelo de produção é a escala. Montblanc, assim, cumpre o seu papel de oferecer produtos únicos, frutos de um conceito, de uma artesania do passado capaz de impor elegância a uma simples carteira de couro, uma bolsa ou um cinto.
Trazer para o presente o ausente, como este estilo de pintura do genial Leonardo Da Vinci, é o que fez a marca com sua nova coleção de acessórios de couro. Traz mais: o trabalho nobre do artesão, a necessidade das mãos humanas para criarem o belo, o que tem conteúdo – aquilo justamente que os “coxinhas” do passado e do presente desconhecem, embora adorem um mundo sombrio. Só que no mundo sombrio que desejam aos que estão ao seu redor, o chiaro, o claro, nunca tem vez ao contrário do sfumato onde é o claro que, em finas camadas, faz a diferença.
Montblanc está aí para tornar o sfumato presente. Um luxo ainda que os produtos atendam anseios de poder de quem sequer tem conteúdo. É da vida, do seu inexorável ciclo. Mas, quem sabe, de detalhe em detalhe, alguns aprendam a ter mais respeito ao outro, ao trabalho e à criatividade humana, ao artesanato e menos ódio e menos verbos conjugados no singular e mais verbos conjugados no plural. É preciso ter esperança sempre e sempre renovar-se como Montblanc e, melhor, com conteúdo e, no caso em questão, by Leonardo Da Vinci.
Afinal, como diz Jérôme Lambert, CEO de Montblanc International, “no mundo do artesanato fino, descobrimos que, revisitando técnicas e ideias seculares, as inovações podem vir a dar uma nova vida”. “Com a Coleção Sfumato, nossos artesãos usam criativamente técnica pioneira dos grandes mestres como Leonardo Da Vinci para criar artigos de couro intemporais que têm as qualidades distintivas de uma obra de arte.”