O cenário macroeconômico do país provocou a queda de desempenho das construtoras em 2015, levando ao congelamento dos lançamentos, queda nas vendas e grandes impactos financeiros decorrentes da alta dos distratos e do acúmulo dos estoques de imóveis. Segundo informações da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o PIB da construção civil encolheu 8% em 2015, já o Índice de Atividade da Construção Imobiliária (IACI), de acordo com o monitoramento realizado pela Neoway Criactive em parceria com a Tendências Consultoria, encerrou 2015 com retração de 13,2%, após quedas de 8,7% e 5,2% em 2014 e 2013, respectivamente.
As 30 maiores construtoras – por m² lançado em 2015
A MRV, 3ª colocada em 2014, alcançou a primeira posição entre as 30 maiores construtoras por m² lançado em 2015. A construtora com sede em Belo Horizonte lançou o total de 328.635m², 34% a menos que em 2014. A construtora Gafisa, que antes era a 11ª colocada entrou para o ranking das 30 maiores ocupando a segunda posição. Já a Sá Cavalcante, antes 13ª colocada, neste ano foi a terceira maior. A Cyrela, antes segunda colocada, atualmente ocupa a 8ª posição.
“Quanto aos lançamentos, estima-se queda de 24,9% em relação a 2014. A região Nordeste tem a maior queda, com 55,7%, seguido do Sul (-39,9%), Centro-Oeste (-31,8%) e Norte (-20,5%). A região Sudeste registra menor queda e totaliza -9,7%. Considerando os segmentos, o pior desempenho é do setor comercial, com queda de 68,6%, enquanto o setor de turismo registra queda de 28,3% e o residencial, de 19,8%”, destaca Cristina Della Penna, diretora da unidade de negócios Neoway Criactive.
Para análise dos impactos desse cenário, neste trabalho é apresentada a segmentação construção civil no Brasil em 2015, considerando sua distribuição regional, por padrão e tipologia, além do desempenho das maiores construtoras em termos de m² construídos lançados neste ano.
Evolução do m² – 2009 a 2015
Conforme citado na introdução, o IACI vem sofrendo uma queda desde 2013, a qual se acentuou ainda mais em 2015, chegando a 13,2%. Para cálculo deste indicador, utilizamos a mesma amostragem. Em 2015, com incremento de novas construtoras e obras, ampliamos a abrangência de monitoramento. Todas as análises seguintes foram baseadas nessa metragem. Em 2009, cerca de 3200 construtoras eram monitoradas, atualmente, já são 5 mil.
Onde as obras estão sendo executadas no Brasil
Levando em consideração o local de execução das obras, em 2015, foram construídos pouco mais de 30 milhões de m² úteis, distribuídos em 460 cidades. As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Fortaleza concentraram 25% do total construído. Com base na IACI, a região Norte apresentou a maior retratação ante os resultados de 2014, que totalizou – 39%. Para o Centro-Oeste, a queda foi de 28%, no Nordeste -13%, Sudeste e Sul caíram 10% e 9%, respectivamente.
Concentração das consultoras – (onde as obras estão sendo construídas)
Em 2015, no total 2118 construtoras foram responáveis pela construção de mais de 30 milhões de m². Dessas, 20 foram responsáveis por 25% do total. Já 124 construtoras compreendem 50% do total construído durante o ano.
Concentração da metragem sede da construtora – (região onde estão instaladasas construtoras)
Com base nas cidades sede das construtoras, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza, juntas compreenderam 50% do total de m² construídos em 2015. Em 2013 e 2014, somente as três primeiras eram responsáveis por 50% do total.
Em 2015, foram construídos 30,5 milhões de m², compreendendo 235 cidades. O total é 2% inferior a 2014 e 8% abaixo do volume de 2013. Em termos de representatividade, o Sudeste mantém-se como a principal região, com 67% do total. Sua participação aumentou em relação a 2014, quando concentrava 63% do total construído. O Nordeste, com 15%, possui a segunda maior representatividade e apresentou queda de 2 pontos percentuais no comparativo com 2014.
Concentração da metragem – por topologia
Em 2015, as obras enquadradas como hotel / resort apresentaram o maior crescimento entre as demais, 15% em relação a 2014. Na tipologia de casas e condomínios, o crescimento foi de 13%, embora quando comparado a 2011, represente queda de 39%. Já para os shoppings, o crescimento foi de 6%. Os edifícios residenciais permancem com a maior participação no mercado, 76,5%. Os edifícios comerciais, desde 2013, estão em segundo lugar dentre os tipos de obra com maior representatividade. Apesar de apresentar uma queda bastante expressiva em número de unidades lançadas, 68% ante 2014, em m² construído a queda é irrelevante, chegando a 0,2 pontos percentuais no mesmo período.
Concentração da metragem – por padrão de edificação
Para a análise do padrão de edificação, foram desconsideradas as obras comerciais por não possuir tal classificação. Em comparação a 2009, as obras de padrão médio e habitação de interesse social cresceram 30%. Entretanto, o resultado apresentou uma retração de 19% em relação a 2012, período entre 2009 e 2015 em que tal padrão foi mais representativo. Já as obras de padrão alto e médio caíram 22% em relação a 2009. Neste padrão, o menor percentual foi em 2012, porém, desde então, vem em crescimento. Em 2015, atingiu, 28%, 5% a mais que em 2012. Em comparação a 2014, não houve alteração significativa nas participações de ambos os padrões.
Monitoramento Técnico (sistemas construtivos)
Como parte do monitoramento de obras, a Neoway Criactive realiza também o levantamento de mais de 160 itens técnicos junto aos canteiros de obras por meio de perguntas específicas. Desta forma, permite análises quanto à aplicação de materiais nas construções e possibilidades de consumo. Portanto, com base na evolução do volume de m² construídos em 2015, foram analisadas as aplicações dos principais sistemas construtivos na estrutura, no acabamento e no fechamento interno nas obras monitoradas. Os dados são apresentados a seguir:
Tipo de estrutura
Em obras de padrão alto e médio alto, é predominante o uso de concreto armado convencional na construção de estruturas, compreendendo 91,3% do total construído em 2015. Já em obras de padrão médio / econômico, o tipo mais utilizado é o concreto armado convencional, em 53,8 dos casos. Esse sistema construtivo vêm em queda, apresentando retração de 16% em relação a 2009. Em segundo lugar, está a alvenaria estrutura, com 31,4%. Embora em menor proporção, a parede de concreto vem em trajetória de crescimento ao longo dos anos.
Tipo de acabamento
Quanto ao tipo de acabamento, nas obras de padrão alto e médio alto é mais comum o uso de textura e cerâmica / porcelanato, com 46% e 31% respectivamente. Já o acabamento mais recorrente em obras de padrão médio / econômico é a textura, em 62% dos casos, seguidos da cerâmica / porcelanato, em 14% do total construído.
Fechamento interno em obras de padrão médio e médio alto
Já no fechamento interno, o bloco cerâmico para fechamento interno compreende 73% do total construído em obras do padrão alto e médio alto. O segundo tipo mais utilizado é o bloco de concreto, com 22%. Os blocos cerâmicos e o de concreto possuem participação similar na aplicação para fechamento interno das obras de padrão médio / econômico, com 47% e 42%, respectivamente. No período analisado, que compreende desde 2009, é possível observar que ambos revezam a primeira colocação como o mais utilizado.
Sobre a Neoway Criactive:
A Neoway, empresa brasileira focada em soluções de inteligência de negócios que usam tecnologias disruptivas, como o Big Data e Data Science, adquiriu a Criactive, companhia que produz conhecimento qualificado sobre o setor da construção civil. Esta nova unidade de negócios da Neoway disponibiliza tecnologias que possibilitam o mapeamento completo de todas as etapas da obra do País, por região, identificando a quantidade de material a ser utilizado até o valor final gasto. A plataforma SIMM Construction Suite possui uma grande base de dados, com construtoras, influenciadores e obras, que monitora mais de 160 itens, entre informações cadastrais e técnicas. Com isso, as equipes comerciais podem identificar, precisamente, as oportunidades de negócio, mapeando os clientes com maior potencial e diminuindo os custos de prospecção.