Nova York, o mais importante centro global do mundo, seguiu o exemplo de outras 70 cidades norte-americanas, como a capital Washington DC, San Francisco e Seattle e decretou guerra ao EPS (sigla internacional do Poliestireno Expandido, no Brasil conhecido como Isopor e nos Estados Unidos como styrofoam), que, desde 1º de julho, está proibido de ser vendido e oferecido aos consumidores. Passados seis meses de adaptação, os estabelecimentos de Nova York que fizerem uso de isopor, seja para vender um café ou uma refeição, serão severamente multados. A decisão do prefeito de Nova York, Bill de Blassio, é decorrente dos riscos que o isopor apresenta ao meio ambiente, sobretudo se chega a rios e mares, representando risco à vida marinha, e também pelo fato de a indústria não ter apresentado projetos que viabilizem a sua reciclagem, que é cara e pouco producente.
“Produtos feitos de styrofoam (isopor) causam um grande prejuízo ao meio ambiente e não há mais lugar para eles em Nova York”, disse o prefeito da cidade, Bill de Blasio no anúncio da medida.
De acordo com a enciclopédia online Wikipedia, o styrofoam ou isopor, tecnicamente o EPS, foi inventado pelo cientista da Dow Chemical Otis Ray McIntire em 1941, resultado de pequenas quantidades do polímero poliestireno misturadas com produtos químicos que permitem a sua expansão em até 50 vezes o tamanho original, de forma que 95% de sua composição seja o ar, por isso é leve e tem um custo baixo, o que o tornou uma opção para embalar sobretudo alimentos de consumo rápido com segurança. O problema está no seu descarte depois de usado, devido à falta de estímulo e custo de reciclagem. Aos jornais de Nova York esta semana, a exemplo do conceituado The New York Times, Kathryn Garcia, responsável pelo sistema sanitário da cidade, afirmou: “Ninguém conseguiu até agora provar que seja possível reciclá-lo em larga escala, e tampouco há mercado para isso.”
O fato de as maiorias cadeias de fast food, a exemplo do McDonalds, terem abolido o uso desse tipo de embalagem nos Estados Unidos, em 2013, por pressão de consumidores e órgãos ambientais, estimulou a decisão de Nova York.
A guerra ao isopor em Nova York trouxe preocupação para o setor empresarial de EPC no Brasil, sobretudo porque tramita na Câmara de Vereadores de São Paulo projeto de Gilberto Natalini (PV) que também propõe a abolição dos copos térmicos e das embalagens de alimentos em poliestireno expandido no Município de São Paulo. O temor de entidades como a Plastivida é de que formadores de opinião e a população se entusiasmem com a decisão de Nova York, a mais importante cidade metropolitana do mundo, dando força ao projeto paulistano que pode se espalhar também por outras cidades brasileiras, especialmente as litorâneas.
É essa guerra declarada ao isopor que levou a Plastivida a distribuir neste fim de semana a seguinte nota oficial:
A Plastivida, como representante da cadeia produtiva dos plásticos no que tange à sustentabilidade, vem se posicionar sobre a decisão pelo banimento de produtos de EPS (sigla internacional do Poliestireno Expandido, no Brasil conhecido como Isopor, marca registrada) na cidade de Nova York.
– O EPS é um plástico e sendo assim, é inerte, atóxico e 100% reciclável.
– Em função de sua versatilidade, leveza, resistência e excelente custo-benefício o EPS tem ganhado, ao longo dos anos, espaços em mercados relevantes, oferecendo bem-estar à população, assim como economia e vantagens ambientais:
– promove economia de energia e de água quando aplicado em construções
– oferece redução nas emissões de gases, por ser leve ao transporte;
– está presente na medicina, preservando a integridade de medicamentos e insumos e garantindo a saúde das pessoas;
– preserva a qualidade dos alimentos no caso das embalagens, entre tantas outras utilidades.
– acondiciona e protege bens duráveis como eletrodomésticos, computadores, entre outros.– Falar em banimento desse ou daquele produto é falar em retrocesso. É abrir mão de um processo de desenvolvimento em prol da qualidade de vida, e pior ainda, muitas vezes de forma a não gerar nenhum benefício ambiental.
– Acreditamos que a decisão de se banir um determinado produto vai apenas mudar o tipo de material que será encontrado amanhã nos mares e nas ruas.
– A solução está na responsabilidade compartilhada entre indústria, população e governo para atuarem em torno da informação adequada, educação ambiental e gestão de resíduos.
– Informação – Conhecendo os produtos, sua funcionalidade, sabendo do impacto que gera, por meio da análise de seu ciclo de vida (desde a extração da matéria-prima até seu descarte) é possível fazer a melhor escolha.
– Educação ambiental – É o que desperta a sociedade para a importância do consumo responsável, redução de desperdício e descarte adequado. A partir da educação ambiental, as boas práticas se tornam perenes.
– Gestão de resíduos – Coleta seletiva, logística reversa, redução de aterros, destinação do lixo para a reciclagem mecânica ou energética são pontos que devem ser considerados na gestão de resíduos, principalmente dos grandes centros, onde a população cresce cotidianamente e, por consequência, o consumo e o descarte.
– O Brasil é um exemplo: somente o Brasil reciclou, em 2012, 34,5% do EPS que consumiu, ou seja, reciclou 13.570 toneladas das 39.340 toneladas de EPS pós-consumo. (estudo Maxiquim). Se levarmos em conta que menos de 20% dos municípios contam com sistemas de coleta seletiva, esse número é bastante elevado.
– Em 2012, as 22 recicladoras de EPS do Brasil faturaram juntas R$ 85,6 milhões e empregaram 1.413 pessoas. Essas empresas representam uma capacidade instalada para reciclar 30.473 toneladas. Ou seja, há espaço para se reciclar mais e para isso é necessário se coletar mais.