Por Tullio Bassi*
Liberados no último dia 24, os novos botões do Facebook têm causado furor entre os usuários e despertado diferentes opiniões em relação ao seu uso. A inclusão de novas opções de interação era prevista há tempos – a possibilidade do botão “dislike” já era especulada por usuários e especialistas em mídias sociais. As tentativas de estimular posicionamentos mais diretos sobre certos assuntos, no entanto, não necessariamente é uma mudança positiva para a rede.
A princípio, o que se tinha em mente era a possibilidade de um botão que expressasse uma reação distinta em relação a posts negativos, sendo usado para as circunstâncias em que o “curtir” não se aplicasse – notícias sobre mortes, acidentes e outras situações do gênero. Como não era difícil de prever que a mudança traria inúmeros problemas e o botão “dislike” seria usado para outros fins, o Facebook decidiu mudar ainda mais as interações e incluir cinco novas possibilidades de reação, além do curtir: “amei”, “haha”, “uau”, “triste” e “grr”.
Ficou menos simples, o que é ruim para interação
Ainda que as mudanças sejam interessantes para aumentar as interações entre os usuários, é inegável que elas alteram a forma como cada um enxerga e se posiciona na rede. O Facebook, desde o início, agradou aos usuários por ser uma rede social simples, clean, sem comandos confusos e sem os exageros que dominavam as redes mais antigas. Desde sua popularização mundial, o Facebook já fez inúmeras mudanças em seu layout e na disposição de informações – a timeline, por exemplo, não existia até 2011; os perfis eram mais estáticos e menos interativos até então.
O que diferencia a inserção dos novos botões das demais inovações é justamente o excesso de possibilidades. Se antes a simplicidade do Facebook era o que o mais atraía pessoas para a rede, agora é exatamente o oposto: é a possibilidade de ver inúmeras informações, opiniões, imagens e discussões. A tendência das polêmicas em redes sociais é agora estimulada pelo próprio site, que trocou a descomplicação inicial por uma interação imprevisível e arriscada.
As máscaras caem e isso pode não ser bom
Nem todos os usuários querem expressar a reação exata que cada post desperta, da mesma forma que muitos não querem saber a real natureza do interesse das pessoas por seus conteúdos. A “máscara” criada pelos usuários de redes sociais, que cria uma identidade pensada e elaborada com o intuito de expor somente a imagem que quer passar para os outros, pode não fazer sentido em um cenário em que cada um expressa opiniões especificas sobre tudo.
A premissa que fortaleceu o Facebook – a de criar uma rede social seletiva – pode cair por terra com a interação “forçada” entre os usuários. Enquanto o “curtir” era uma opção que validava uma postagem e criava uma relação polida entre os usuários, as novas reações criam uma intimidade que nem sempre é desejada. O Facebook sempre deu certo por ser simples e por acionar um cenário virtual mais organizado que a realidade. Com as modernizações que têm sido feitas, resta saber se as inovações são uma adaptação necessária ou uma complicação equivocada.
*Tullio Bassi é formado em Puplicidade e Propaganda e atua como Diretor de Atendimento da Conversion, agência líder em SEO