Cerca de dois milhões de foliões acompanharam hoje o Cordão do Bola Preta pelas ruas do Rio de Janeiro, num espetáculo contagiante de alegria, o verdadeiro cordão humano do carnaval. Criado em 1918, o bloco é o mais antigo da cidade que comemora 450 anos de fundação este ano. Com irreverência e muito bom humor, o Bola Preta tornou-se ícone da folia no centro da cidade, onde também desfilam tradicionais blocos suburbanos como o Cacique de Ramos. Diversão garantida para as multidões.
Já na carioca Ipanema, reduto sofisticado da Zona Sul da cidade e da intelectualidade, a Banda de Ipanema ganhou as ruas e a orla, fazendo reviver na alegria dos seus milhares de foliões alguns de seus fundadores, como Albino Pinheiro e Leila Diniz, que renascem a cada carnaval no sorriso maroto da passista, na cadência gostosa do sambista e na maior generosidade que se pode ter an vida que é a de compartilhar a alegria. Criada pela turma do Pasquim como forma de protestar alegremente contra a ditadura, que se instaurou no Brasil em 1964, manchando de negro nossas nuvens coloridas e dias radiantes, a Banda de Ipanema sempre teve nas figuras de Olga Savary, Jaguar, Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil e de tantos outros seus mais legítimos representantes.
Já no Recife, foi o Galo da Madrugada que arrastou milhões de foliões pelas ruas da pernambucana Veneza brasileira, enquanto em Salvador, na Bahia, os trios elétricos, que podem ser acompanhados ao vivo pelo Youtube fazem a festa dos abadás coloridos, de quem pagou para acompanhar, e também das pipocas que, sem pagar, brincam o carnaval, uma festa democrática, onde todos ganham e onde não sobrevivem os bebês chorões que, derrotados, combatem a democracia e o povo brasileiro apoiados que são por uma mídia que, destronada de credibilidade, prefere apostar e viver sempre a Quarta-Feira de Cinzas.