Flor símbolo do Japão, a sakura (flor de cerejeira) exerce fascínio e sobretudo respeito. Lenda ancentral da nossa cultura conta que a princesa Konohana Sakuya Hime teria caído das nuvens próximo ao Monte Fuji, símbolo geográfico do Japão (é imperdoável descrevê-lo como acidente geográfico, embora o seja) e teria se transformado nessa bela flor, que nasce da junção da corruptela do nome da princesa, SA, com a palavra KURA, que eram os depósitos onde se guardavam arroz, alimento considerado dádiva dos deuses por japoneses tradicionalistas e na cultura que as gueixas e suas aprendizes, maikos, conservam ao longo dos séculos.
POR YUME IKEDA, DE TOKYO
Não há como precisar por meio dos séculos, quando começaram as festas em torno das cerejeiras em flor e da primavera, mas desde que o imperador Saga (786-842 d.C.), no século VII, instituiu o Hanami (apreciação das flores) no Palácio Imperial de Quioto, os japoneses aguardam, todos os anos com ansiedade o desabrochar das cerejeiras. Os meios de comunicação, especialmente os digitais, chegam a divulgar informações diárias de meteorologia e de floradas em qualquer lugar, para que possam ser apreciadas.
Em cada cidade japonesa, o prefeito é responsável pela cerejeira que fica numa praça e cuja a muda saiu do Palácio Imperial. Todos esses prefeitos integram,
durante o mandato, a Nihon Sakura No Kai, que é a associação das cerejeiras do Japão, responsável por organizar a festa onde as rainhas das cerejeiras
das diferentes cidades são apresentadas ao povo, numa tradição que se mantém viva. Como a flor dura poucos dias, ainda que durante a primavera, as festividades chegam a parar o país, atraindo turistas de toda parte.Nos Estados Unidos, a comunidade japonesa realiza o Washington National Cherry Blossom para comemorar o florescimento de 3 mil mudas de cerejeiras
doadas, em 1912, para selar laços de amizade entre os dois países. A parada das flores, quando do desabrochar das cerejeiras, é ponto alto no calendário
de primavera norte-americana. Mas é no Japão que as cerejeiras em flor, atraem multidões. E é na obra magistral do russo Anton Chekov (1860-1904), o Jardim das Cerejeiras, que essas flores desabrocham nos palcos do mundo.Aqui, as flores da primavera desabrocham nas belas imagens do fotógrafo Marcelo Hide, aprecie sem pressa e sem moderação. São cereijeiras, ameixeiras e glicínias em flor. Um colírio para os olhos, uma antevisão do paraíso.