Curiosidades sobre produtos: Está o maior tititi, aquele burburinho característico da fofoca e da galhofa, no mundo do luxo depois que o colunista Lauro Jardim, de Veja, postou na edição online da publicação da Editora Abril, no dia 13 de fevereiro de 2015, que era falso o ovo Fabergé apreendido pela Polícia Federal na mansão de (Mr.X) Eike Batista. Mas de onde veem esses ovos e porque valem tanto dinheiro? Eles chegam a ser vendidos até por US$ 100 milhões no mercado negro e em leilões com comprovada autenticidade e origem nos quais os museus são clientes preferenciais.
A decisão do juiz federal Flávio Roberto de Souza, da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, de mandar apreender os bens do empresário Eike Batista, o Mr.X das empresas X, em sua mansão acabou virando piada nas redes sociais nesse carnaval com a apreensão do que seria um ovo produzido pela lendária joalheira Fabergé no período dos czares russos e que se comprovou ser uma réplica que se pode comprar por menos de US$ 30 em sites como os do Mercado Livre e E-bay. De verdade mesmo, foram apreendidos seis veículos (dois de luxo, um compacto e três utilitários), 16 relógios, R$ 90 mil em dinheiro, R$ 37 mil em moedas estrangeiras, dois motores de lancha, um computador, um piano e até um aparelho celular de Eike Batista. A ação judicial visa ressarcir aqueles que, acreditando no empresário, investiram suas economias nas empresas X e viram o dinheiro virar pó do dia para a noite.
Mas porque os ovos Fabergé valem tanto dinheiro? A resposta está no fato de apenas oito de 50 ovos encomendados pelos czares russos estarem em circulação no mercado, enquanto os demais repousam em museus a exemplo do Museu Fabergé em São Petersburgo, na Rússia, que é de propriedade privada da fundação “Link a Times” que, com o fim do comunismo e da URSS, tem a missão de repatriar valores culturais perdidos para a Rússia e que foi criada depois que Leningrado voltou a ser São Petersburgo, antiga sede do poder czarista.
A história que aliou o joalheiro Carl Fabergé e seus ourives aos czares russos da linhagem Romanov começa em 1885, quando ele recebeu a encomenda do czar Alexandre III que queria presentear a sua mulher, a czarina Maria Feodorovna com um ovo de Páscoa na forma de jóia. Seguindo a tradição russa das matrioskas, aquelas bonecas que você vai abrindo e encontra outra dentro e outra e outra mais, Fabergé confeccionou um ovo de ouro esmaltado que quando aberto revelava uma gema de ouro, que dentro possuía uma galinha, que por sua vez continha um pingente de rubi e uma réplica em diamante da coroa imperial. Dizem historiadores que a czarina ficou tão surpresa e encantada que o czar acabou por nomear Fabergé fornecedor oficial da corte, encomendando todos os anos um ovo que fosse único e contivesse surpresas diferentes a cada ano. Nicolau II, filho de Alexandre, manteve a tradição até 1917, quando a Revolução Russa, diante da soberba e arrogância dos czares e a miséria do povo, eclodiu nas ruas. De 1885 a 1917, 50 ovos foram produzidos para os czares e um sem número deles, que também valem muito dinheiro, para a nobreza russa.
Carl Fabergé morreu na Suíça em 1920 e sua família retomou os negócios em 2007, as bisnetas Tatiana e Sarah Fabergé contrataram como diretora criativa Katharina Flohr para desenhar ovos da marca, mais modernos tendo como alvo os novos milionários e também aceitando destes encomendas especiais e comemorativas. Com lojas em Londres e Nova York, na Páscoa de 2012 elas encomendaram designs para estilistas famosos e produziram 200 ovos para os novos milionários.
Mr. X preferiu a réplica daqueles que valem muito dinheiro já que os modernos ainda têm cotação baixa diante daqueles do passado dos czares e de sua corte.
Quem teve em casa um ovo do período de glória de Fabergé foi a bela atriz Liz Taylor, uma amante inveterada das jóias que emprestou uma imagem definitiva à Cleópatra no cinema. Após a sua morte, esse ovo foi leiloado pela famosa casa de leilões Christie’s e inspirou a coleção outono-inverno da grife Pierre Balmain. O estilista Olivier Rousteing fala sobre sua inspiração incluindo a coleção de jóias de Elizabeth Taylor, como o ovo Fabergé que pertenciaa a Liz Taylor que ilustra essa reportagem.