A história prende o leitor pelas 161 páginas do livro. Personagens atraentes e charmosos vivem enredos de amor, glamour, crime e espionagem que mostram o cotidiano e os bastidores da indústria farmacêutica e das pesquisas com medicamentos. Os cenários incluem a majestosa floresta amazônica, hotéis e apartamentos de luxo e interiores de laboratórios, onde plantas são cultivadas em provetas iluminadas. Assim é o romance Amazônia – Em Busca da Cura Perdida, recentemente lançado pelo farmacêutico Sérgio Panizza, presidente do Conbrafito ( Conselho Brasileiro de Fitoterapia). Filho do falecido professor Sylvio Panizza, um dos maiores divulgadores dos tratamentos populares com plantas medicinais da história da farmácia brasileira, Sérgio toca um laboratório e uma farmácia para produzir fitoterápicos e conhecimento.
POR MARCOS GOMES
Coautor de livros como Uso Tradicional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, considerado referência pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que no Brasil controla a venda de medicamentos, Panizza divide seu tempo entre as atividades da farmácia, estudos acadêmicos, congressos e conferências que organiza em vários Estados.
Panizza conta que concebeu o folhetim para divulgar o conhecimento que vem reunindo ao longo de décadas por meio de informações espalhadas no desenrolar de uma história simples, mas capaz de emocionar os leitores: as peripécias de Alberto, pesquisador de vida dupla, que trabalha para universidade e laboratório do governo, mas também faz biopirataria e vende informações para laboratórios multinacionais.
Na Amazônia, Alberto encontrará Ana, uma índia munduruku que é antropóloga e trabalha na Rússia, classificando os itens para lá levados no começo do século 19 pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff, que enlouqueceu nas margens do Rio Madeira e foi tratado por pajés mundurukus antes de ser levado de volta à Russia com milhares de desenhos, anotações e amostras de minerais, plantas e animais empalhados. Esse material ficou perdido durante mais de um século e só recentemente começou a ser classificado em São Petersburgo, na Rússia – um trabalho minucioso, que tem a colaboração da índia brasileira, especialista em biociências que fez pós-graduação em Moscou.
O folhetim traz uma imagem diferente do mestre que orienta e salva o herói da história – aí representado por uma mulher jovem, culta e bela que conhece a natureza das coisas e dos homens: é a índia Ana Munduruku, que trabalha em São Petersburgo numa equipe de cientistas que está classificando os itens coletados pela expedição Langsdorff. Ana salvará Alberto e a pequena Iracema quando acometidos por uma doença tropical da qual só os pajés conhecem a cura. Será ela também que guiará o herói por uma cura moral, que passa pela crítica ao mundo de ganância e estatus em que ele vive. É um pretexto para que o leitor se depare com um painel de informações sobre a importância da Amazônia para o planeta e mergulhe no mundo dos pesquisadores e dos laboratórios da indústria farmacêutica, com muitos lances de romantismo, espionagem e aventura. Uma leitura prazerosa e proveitosa.
O livro pode ser adquirido na sede do Conbrafito, na rua Vergueiro, 1913, Vila Mariana, São Paulo, SP, ou pelo telefone 5571-1906.