Dengue, Zika Vírus e Chikungunya. O que as três doenças têm em comum já é de conhecimento de boa parte da população: são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, e em gestantes o Zika Vírus está relacionado à microcefalia no bebê. Porém, quando o assunto é prevenção, a dengue, possivelmente pelo fato de ser mais antiga, estudada, divulgada e combatida, está mais presente na memória da população, uma vez que pode levar a óbito. Entretanto, o Zika Vírus, um dos problemas de saúde pública mais preocupantes da atualidade, ainda não faz parte do conhecimento do brasileiro.
A constatação é da pesquisa “Sempre Bem Protegido”, realizada pela Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses (SBD/A), com o apoio da marca SBP Repelente. O estudo, feito com 1.000 pessoas nas cinco regiões do Brasil, entre homens e mulheres a partir dos 19 anos, mostrou que 83% dos brasileiros não sabem que a icaridina é um dos principais princípios ativos dos repelentes recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A pesquisa traz ainda o grau de conhecimento sobre as medidas para prevenir a picada do Aedes aegypti, sintomas e tratamento de Dengue, Zika Vírus e Chikungunya. Quanto à Dengue, 81,7% mostraram-se bem informados e mais de 90% sabem, por exemplo, que evitar o acúmulo de água e colocar areia nos vasos de plantas são algumas formas de prevenir o aparecimento do mosquito. Sobre Zika Vírus, quase metade (49,1%) desconhece a tríade formada por prevenção, sintoma e tratamento. Na mesma avaliação, apenas 3% disseram que o Zika Vírus pode não ter sintoma aparente, quando, na realidade, de acordo com especialistas da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses (SBD/A), a doença é assintomática em boa parte dos casos.
A pesquisa “Sempre Bem Protegido” também avaliou a percepção dos brasileiros sobre o uso correto do repelente. Diferente do recomendado pelas autoridades em saúde, que preconizam um padrão semelhante ao protetor solar, ou seja, aplicação diária para proteção, o que se viu na pesquisa foi uma associação ligada ao lazer e à recreação, principalmente em viagens. Entre os entrevistados, 78,8% lembraram do repelente, como prevenção da picada do mosquito Aedes aegypti em locais que envolvem campo e 69,6% em situações de praia, mas não no dia-a-dia, na cidade, aonde a incidência é alta.
“A pesquisa demonstra que o conhecimento da população, quanto às formas de prevenção das arboviroses, atem-se a aspectos mais superficiais, não relacionando essas formas de prevenção a aspectos mais abrangentes referentes a carências no saneamento básico”, explica o infectologista Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses (SBD/A).
Para o especialista, com as condições atuais de proliferação do Aedes aegypti em nossas grandes cidades, sobram poucas opções de prevenção. “O desconhecimento da utilidade dos repelentes caracteriza-se como um grave problema, que deve ser focado com muita ênfase”, completa.