Em 20 de novembro de 1895, seis meses depois de ter sido condenado por atentado ao pudor e homossexualismo – e de ter passado pelos presídios de Pentonville e Wandsworth -, o escritor Oscar Wilde foi transferido para a prisão de Reading, onde recebeu o número de matrícula C.3.3. Foi lá que o autor de O retrato de Dorian Gray testemunhou o enforcamento do soldado Charles Thomas Woolridge pelo assassinato de sua esposa, o que o inspirou a escrever “A balada da prisão Reading”. No ano seguinte, iniciaria a obra De Profundis, seus escritos de cárcere.
Este ano, depois de permanecer fechada por um bom tempo, foi anunciada que a antiga prisão Reading seria transformada em espaço cultural. E assim, em setembro, uma exposição foi inaugurada com a participação de artistas, escritores e ex-prisioneiros, intitulada “Inside: Artist and Writers in Reading Prison“.
A mostra tem como uma dos focos a obra de Wilde e a leitura de De Profundis por vários artistas, entre eles a cantora Patti Smith. Ela ficará aberta ao público até 4 de dezembro (para mais informações e localização clique aqui). No vídeo produzido pelo jornal britânico The Guardian é possível ver um trecho da leitura de Patti Smith:
Uma das tragédias da vida em prisão é que ela transforma o coração de um homem em pedra. O afeto, como todos os outros sentimentos, necessita ser alimentado. Eles morrem facilmente de inanição. Uma carta breve, quatro vezes por ano, não é suficiente para manter vivos os sentimentos mais suaves e humanos através dos quais, em última análise, a natureza é mantida sensível às influências boas ou belas, as quais podem curar uma vida desgraçada e em ruínas. (Trecho de De profundis, Coleção L&PM Pocket, tradução de Júlia Tettamanzy)
Texto e imagens originalmente publicados pelo blog da Editora L&PM