Purple Day, o Dia Roxo para conscientização sobre a epilepsia, é celebrado no dia 26 de março em todo o mundo. No Reino Unido, a Epilepsy Society iniciou este mês a divulgação, em redes sociais e mídias parceiras da entidade, a campanha #mypurpleday que, criativa, levou portadores da doença para um salto no ar chamando a atenção para que os vejam que são pessoas como a gente que sonham, têm projetos e muita energia e vontade de vencer e lutar pela vida, mas que precisam de recursos para combater os preconceitos e assegurar pesquisas e medicamentos para uma vida saudável e ativa. A Epilepsy Society United Kingdon espera com esta campanha arrecadar £1353 para seus projetos que atendem pacientes que lutam por inclusão e convivem com essa doença neurológica, que provoca convulsões.
No Brasil, a EpiBrasil não ficou de fora e realizou um filme, na realidade um clipe musical, para revelar a face dos portadores de epilepsia, chamando-os a sair das sombras para a vida em sociedade, com o reconhecimento dos demais para com o problema. O filme, produzido pela Rocambole, foi gravado na Praça da Liberdade em Belo Horizonte, Minas Gerais. E mostra oportunamente que liberdade para viver e ser feliz é tudo o que esse portadores precisam.
O Purple Day foi criado em 2008 por uma garota canadense, Cassidy Megan, estimulada pelo desejo de que todos a entendessem o seu problema e para mostrar para os demais portadores de epilepsia que não estão sozinhos no mundo. Desde então, a data é celebrada em diversos países e foi assumida como o Dia Mundial pela Conscientização da Epilepsia. Hoje, 26 de março, diversos monumentos do mundo usam em suas iluminações a cor roxa, como as fontes de Trafalgar Square, em Londres, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o Palácio do Planalto, em Brasília.
O filme brasileiro conta um pouco dessa história.
Para se ter uma dimensão, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 2% da população mundial, o equivalente a 50 milhões de pessoas, enfrenta a epilepsia, das quais cerca de 3 milhões dessas pessoas vivem no Brasil.
MITOS E VERDADES
A Dra. Adélia Henriques Souza, neurologista infantil e presidente da Liga Brasileira de Epilepsia (LBE) esclarece alguns mitos e verdades ao redor da doença:
1. A epilepsia é uma doença contagiosa – MITO
A epilepsia é uma doença neurológica não contagiosa. Portanto, qualquer contato com alguém que tenha epilepsia não transmite a doença.
2. Durante uma crise convulsiva, deve-se segurar os braços e a língua da pessoa – MITO
Durante uma crise o ideal é colocar o paciente deitado com a cabeça de lado para facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito. A cabeça deverá ser apoiada sobre uma superfície confortável. É importante não introduzir qualquer objeto na boca, não tentar interromper os movimentos dos membros e não oferecer nada para a pessoa ingerir.
3. Toda convulsão é epilepsia – MITO
A crise convulsiva é uma crise epiléptica na qual existe abalo motor. Para considerar que uma pessoa tem epilepsia ela deverá ter repetição de suas crises epilépticas, portanto a pessoa poderá ter uma crise epiléptica (convulsiva ou não) e não ter o diagnóstico de epilepsia.
4. Epilepsia é uma doença mental – MITO
A epilepsia é uma doença neurológica, não mental.
5. Os pacientes com epilepsia não podem dirigir – MITO
Segundo a Associação Brasileira de Educação de Trânsito, o paciente com epilepsia que se encontra em uso de medicação antiepiléptica poderá dirigir se estiver há um ano sem crise epiléptica – dado que deve ser apresentado através de um laudo médico. Caso o paciente esteja em retirada da medicação antiepiléptica, ele poderá dirigir se estiver há no mínimo dois anos sem crises epilépticas e ficar por mais seis meses sem medicação e sem crise. Já a direção de motocicletas é proibida.
6. É possível manter a consciência durante uma crise de epilepsia – VERDADE
Sim, é possível. A manifestação clínica da crise epiléptica relaciona-se com a área do cérebro de onde a crise é gerada. As crises epilépticas APRESENTAM-SE de diferentes maneiras: podem ser rápidas ou prolongadas; com ou sem alteração da consciência; com fenômeno motor, sensitivo ou sensorial; únicas ou em salvas; exclusivamente em vigília ou durante o sono.
7. O estresse é um fator desencadeador de crises de epilepsia – VERDADE
O estresse é um dos fatores que pode deflagrar uma crise epiléptica.
8. Existem medicamentos capazes de controlar totalmente a incidência das crises – VERDADE
Cerca de 70% dos casos de epilepsia são de fácil controle após o uso do medicamento adequado. Os 30% restantes são classificados como epilepsias refratárias de difícil controle.
9. A epilepsia pode acometer todas as idades – VERDADE
A epilepsia acomete desde o período neonatal até o idoso, e pode ter início em qualquer período da vida.
10. O paciente com epilepsia pode ter uma vida normal – VERDADE
Pacientes com epilepsia, desde que controlados, podem e devem ser inseridos completamente na sociedade, ou seja, devem trabalhar, estudar, praticar esportes, se divertir.