A organização não-governamental (ONG) Techo Peru e Circus Grey Peru se uniram numa iniciativa criativa ao apresentarem Solidarios, uma nova moeda com o objetivo de reduzir a pobreza naquele país. Na realidade, notas monetárias de diferentes valores desenhadas pelo artista gráfico Fer Taboada remetendo às principais obras sociais e aos peruanos atendidos por Techo nas áreas mais pobres e de exclusão social.
POR CARLOS FRANCO
A realidade hoje enfrentada pelo Peru, o Brasil enfrentou até a era Fernando Henrique Cardoso (FHC), que jogou a miséria para debaixo do tapete, mas não conseguiu retirar o país do Mapa da Fome, dos povos do mundo que ainda morriam de fome em pleno século 21.
O Brasil só saiu desse Mapa da Fome do mundo por meio de políticas de inclusão social da era Luiz Inácio Lula da Silva, um presidente finalmente comprometido com o Brasil e os brasileiros, enquanto o PSDB sob a liderança de verborrágicos senadores como Aécio Neves e Aloysio Nunes Ferreira vem se destacando no cenário atual dos dias que correm como um partido de oposição ao Brasil e aos brasileiros, que sabe apenas conjugar o verbo no singular e não aprendeu – e parece que tem dificuldade em aprender – a respeitar o plural e a pluralidade, tão acostumando ficou com o discurso único que faz sob o endosso da mídia do #PodemosTirarSeAcharMelhor.
Uma pena até porque André Franco Montoro, um dos fundadores da legenda, o PSDB, com o qual participei de seminários da Fundação Konrad Adenauer sempre esteve comprometido com causas de inclusão social as quais o PSDB hoje despreza. O PSDB de hoje certamente o envergonharia e muito, tanto pelo caráter de Montoro, um homem que respeitava a democracia e a pluralidade, quanto por suas sempre sinceras preocupações sociais, algumas das quais fui relator em um seminário da Konrad Adenauer, no hotel Casa Grande, no Guarujá, na década de 1990.
Nesse combate à pobreza é significativa, portanto, a ação de Techo e Circus Grey que convocou mais de 3000 voluntários para trocar nas ruas, vestidos como banqueiros e funcionários de casas de câmbio, os Solidarios, de diferentes valores, por dinheiro para manter em funcionamento as obras sociais que minimizam os efeitos nocivos da miséria.
“Peru é uma das economias que mais crescem na América Latina em que pese 7 milhões de peruanos vivendo em situação de pobreza”, diz no filme Augusto Álvarez Rodrich. O economista que, embora tivesse poder no irresponsável governo de Alberto Fujimori, nada fez de concreto para combater a situação do Peru que hoje denuncia, parece outro na campanha, bem mais comprometido com as questões sociais. E, por isso mesmo, a ação de Techo e Circus Grey Peru, ainda que tenha a sua face, é um poderoso e criativo alerta.
Nos anos de chumbo da ditadura militar brasileira, a década de 1970, o artista plástico Cildo Meireles cunhou as notas de Zero Cruzeiro para denunciar mais que a desvalorização da moeda, a forma como os índios e dos pacientes de hospitais psiquiátricos eram tratados como nada, um zero: o Zero Cruzeiro. O Peru seguiu o exemplo.