The Economist, a revista inglesa que adora dar aulas e lições de economia ao mundo e em particular ao Brasil, está à venda. Não conseguiu fazer a lição de casa de criar mecanismos de convivência com as plataformas digitais e padece da falta de recursos e interessados. Traduzindo está na pior como estariam na pior países a exemplo da Grécia se seguissem o receituário que a publicação sempre prescreveu. A economia que é o seu foco pegou a revista despreparada para os novos tempos. Simples assim.
Estranho? Certamente, pois essa espécie de bíblia dos neoliberais (eles demonstram não gostar de serem identificados como capitalistas selvagens que, de fato, são em sua maioria) que tantas vezes prescreveu remédios amargos como cortes fiscais e de benefícios, é agora vítima do seu próprio receituário. Tudo porque o Grupo Person, que a controla, decidiu focar em educação e educação, vamos combinar, nunca foi o forte de The Economist: ao contrário, preferiu fazer coro ao mercado que agora lhe também lhe dá as costas. É o preço a pagar pela arrogância e o desrespeito continuado à maioria em prol de uma minoria que sempre acha que pode resolver tudo no berro e com golpes de sorte, mesmo solapando os direitos da maioria e os benefícios sociais que possam ter e que são responsáveis por criar um ambiente socialmente mais justo.
O mesmo Grupo Person que vendeu The Financial Times, que sempre defendeu um mundo rosa para os empresários globais, agora quer se desfazer de The Economist. O anúncio da venda do Grupo FT, que imprime o jornal, ocorreu no último dia 23 com o vetusto Financial Times passando às mãos do grupo japonês Nikkei. Só que os japoneses não quiseram levar no pacote a revista que insistentemente dá aulas ao mundo de como deve ser a economia. Claro, em casa de ferreiro, o espeto é sempre de pau e a vaidade extrema de seus editorais e costumeira arrogância de seus profissionais agora vive uma verdadeira prova de fogo. O Grupo Person já anunciou que pretende se focar em educação e jogar todo o seu investimento no segmento, como a revista não educa, na verdade tem cumprido papel oposto nessa área, não está entre os interesses do Person.
É curioso como a economia, a especialidade dessa publicação, se mostrou ingrata para com a revista, assim como os capitalistas selvagens cujos seus interesses ela sempre defendeu e a deixam, agora, arder na fogueira das especulações, no meio da chuva, na feira, na banca de vendidos sem interessados.
Num mundo em transformação, com o fortalecimento das plataformas digitais e o descrédito de publicações arrogantes, The Economist tem pela frente um horizonte nada promissor. Está na banca e o feirante pergunta; Quem quer comprar The Economist?