A eficácia dos programas de Compliance não depende apenas da seleção de bons profissionais para a tarefa. Uma vez constatado que as atividades são positivas para os processos da empresa, chega a parte mais delicada do trabalho: os profissionais da área têm, não apenas que apresentar experiência acadêmica e profissional sobre o assunto, como também – e principalmente –sensibilidade para adequar o discurso ao público-alvo.
POR ROGERIA GIEREMEK*
O mesmo ensinamento sobre regras e políticas da empresa pode ser ministrado a um grupo de executivos e à equipe de produção. Porém, a linguagem tem de ser adequada a cada setor, sob o risco de não ser compreendida pela maioria ou de não despertar interesse.
A sensibilidade e o bom senso são as primeiras condições para quem prepara e/ou escolhe o profissional encarregado de ministrar palestras em um programa de Compliance. Um currículo estrelado e um discurso erudito podem funcionar muito bem para pessoas com conhecimento e prática acadêmica mais acentuada, mas não é eficiente para o time com um nível de escolaridade mais baixo. Isso porque, na maioria das vezes, o ambiente frequentado por estes profissionais é mais informal, com linguajar simples e direto, o que pode dificultar a compreensão integral da mensagem. Portanto, a adequação do discurso é a ferramenta necessária para que o conteúdo seja assimilado e praticado.
Da mesma forma, não se pode perder de vista que um programa de Compliance é algo dinâmico, que não se encerra em uma palestra ou treinamento, mas que deve considerar revisões constantes e reforço de regras transmitidas anteriormente, como uma maneira de fixar as mensagens-chave.
Além disso, os profissionais envolvidos com a área precisam considerar que a empresa também é um organismo em constante transformação. As companhias mudam para acompanhar o mercado ou por questões internas e as políticas da casa devem estar em conformidade com essas mudanças para não ficarem obsoletas. Um programa de Compliance efetivo é vivo e deve ser modificado sempre que necessário, mas sem perder a sua essência, que deve refletir os valores da organização.
*Rogéria Gieremek é consultora global do Programa de Compliance da Serasa Experian, presidente da Comissão Permanente de Estudos de Compliance do IASP e presidente da Comissão de Estudos de Gestão de Terceiros do Instituto Compliance Brasil.